Hoje dia e noite são do mesmo tamanho, há o mesmo espaço para a luz e para as sombras.

No cenário político e no seio da sociedade contemporânea a noite parece ser algo assustador de que devemos fugir. Quantos de nós ainda senta entre as árvores e o silêncio da brisa noturna para escutar os próprios pensamentos e os sussurros das criaturas noturnas? Em geral ficamos sob as luzes dos postes, os flashes estroboscópicos das boates ou as paredes iluminadas de casa.

No mundo real, além das fronteiras das cidades, apesar de tudo, Eostra, a deusa virgem, desperta hoje para se encontrar com seu amado deus Sol e consagrar o início da primavera.

O campo tão distante e suas crenças e magias…

Ainda esta semana eu vinha passando de noite por uma avenida urbana. Lojas, academias e bares lançavam seus atrativos para os pedestres convidando-os a entrar. Ali nada das crendices ancestrais teria espaço. Será?

Entre uma grande papelaria bem iluminada e uma loja de sucos recém-reformada vi pela primeira vez uma porta, como se tivesse surgido ali por encanto e apenas durante os minutos que demorei para passar diante dela.

Uma porta de ferro pesado e trabalhado, antiquíssima. Decrépita. Folhas de compensado embolorado estavam presas a ela e não permitiam ver o que a escuridão do outro lado escondia. De qualquer forma percebia-se que era um corredor longo e abandonado por anos, talvez décadas. Incrível que eu jamais a tivesse notado ali.

E tinha uma vassoura amarrada a ela, como nos feitiços para impedir que algo de mal entre. Ou saia.

De repente as crendices e magias do campo já não pareciam tão distantes.