— Eita porra!!! Mas quê isso primo!?
Juan. Os 16 anos que viveu foram passados entre o gado, sobre o lombo de um velho pangaré lá na fazendinha pobre da tia Esther. Não dava para muito, só para ir vivendo, contando os causos de lobisomem ao redor da fogueira e escutando o violão do hnô. Nem televisão eles viam porque não lhes parecia tão divertido.
Agora ele está diante da pia no banheiro do shopping. Como não bastasse toda aquela “imensidura” de prédios e luzes que brilhavam mais do que o sol do meio-dia, ainda tinha aquela bica maluca.
— Vixe! Mas como pode um treco desse homem!? Ó! Ela tá vendo que eu coloco a mão debaixo dela, rapaz! Olha só! E desanda a cuspir água!
De todas as maravilhas que ele encontrou na cidade grande esta foi a que mais o espantou. Isso e ninguém ir dormir nunca.
Observação em 2019: Desculpem pelo sotaque do primo, eu não faria assim hoje, mas deixo como registro do preconceito em mim e, provavelmente, na sociedade da época.