Ele está ali, plácido como um lago em dia sem vento. Ele sempre está plácido, mas dessa vez é diferente. Ele já não cantará para nós e teremos que nos satisfazer com as piadas que ele já contou pois não haverá novas.

Em algum lugar talvez ele esteja descobrindo novas bossas, mas nós que ficamos lembraremos dele a cada vez que as águas de março vierem fechar o verão sem cerimônias.

Ainda plácido. Mãos meditativamente cruzadas e o rosto tranquilo. Dá paz olhar ali para ele tão calmo. Mas choramos, claro. Não pela dor dele, mas pela da nossa saudade e um pouco pela responsabilidade de continuar o trabalho daquele grande e puro coração que cantava o mundo com as cores da alvorada quando tudo está começando e a vida é mais leve que ao meio dia.

A paz em seu rosto e seus olhos levemente fechados é tanta que dá vontade de deitar ali ao lado dele e descansar um pouco protegido de todo e qualquer mal…

No entanto o toque inexorável da morte é bem visível no arroxeado da sua pele e, ainda assim, tudo que vejo ao olhar para ele é aquela profunda paz do barquinho que vai pelo oceano enquanto a tardinha cai.

Adeus amigo, você fará falta.