Uma senhora passou por baixo da faixa que nos obriga a caminhar em espiral até o guichê para comprar passagem e furou meu lugar na fila.

Normalmente pensamos, ácidos e sem esperanças em relação ao futuro da humanidade, “mais uma corrupta egocêntrica que prejudica o mundo até para ter a menor das vantagens”

Mas eu decidi falar com ela. Desesperança é um sentimento bem artificial e até ilógico para mim.

“Com licença, senhora, estou sempre tentando entender os humanos e queria entender uma coisa… Eu deixei de passar por baixo das faixas em respeito à moça que entrou antes de mim e… “

Prontamente ela pareceu acordar de um transe, me pediu desculpas me passando na sua frente enquanto sacudia a cabeça rapidamente como quem tenta voltar ao aqui e agora.

Ainda falei brevemente sobre como muitas vezes achamos que as pessoas fazem as coisas por mal, mas na verdade são apenas distraídas.

Pode até ser que ela tenha mesmo tentado tirar essa pequena vantagem sobre mim e estava apenas evitando um desses pequenos escândalos urbanos, mas de uma forma ou de outra, singelas histórias como essa acabam ajudando a sociedade a avançar.

Muito mais ao menos do que ficar calado e voltar para casa azedo com uma realidade virtual criada por nossa desesperança…