“Ai o cara entrou no bar berrando que o chopp tava quente e bateu com tanta força no balcão que todo mundo deu um pulo! Putz, tem gente que perde a cabeça por qualquer coisa!”

O piiiiiiiiiiiiiiiii alto, estridente e penetrante do metrô já está berrando e os três amigos se jogam para dentro do primeiro vagão, lotado naturalmente.

Estação Carioca, meio-dia e vinte. Quente. Mesmo com o ar-condicionado. Quente.

“Orra! Este aqui é o vagão das mulheres cara!” – um deles faz de conta cochichar, mas, na verdade, faz questão que todos ouçam.

“Fica frio, Jorge, agora pode sarrar, só não pode das seis às nove de manhã ou das cinco até as nove da noite!”

As gargalhadas dos três pós-adolescentes ecoam incomodamente pelo vagão. Rostos contrariados torcem narizes e bocas lançando olhares de reprovação aos jovens que não demonstram respeito por nada. Jovens são transgressores naturais, raramente respeitam tudo que esperamos que respeitem… Ainda bem!