Ele está sentado imóvel e contemplativo no banco da praia, Entre seus olhos e os reflexos que o sol poente deixa nos edifícios da orla apenas um frágil óculos de aros finos. De pernas cruzadas, calva careca e sabedoria plácida ele se encanta com o jovem casal que passa.

Juras de amor, sonhos finitos de sentimentos infinitos. Abraçam forte! O inverno sopra seu hálito frio que aquece os corações apaixonados…

Passam deixando risos e confissões ao pé do ouvido.

Solitário o viúvo, velho amigo do poeta que permanece sentado pacientemente, se detém para apreciar o sol reluzindo sobre a bronzeada careca do companheiro de tantas conversas, de tantas ideias, de tantos sonhos imortais.

O vento passa e ele também se vai. Mas volta amanã para uma prosa silenciosa!

A noite mergulha seus dedos frios entre as areias de copacabana, jovens góticos, anime, boêmios passam e mal o notam, sentam ao seu lado, o rosto colado no seu e, sob o seu olhar, são decifrados e transmutados em poesia.

Mas se vão…

Só não se vai o briho suave e imperceptível, bem ali sob sua orelha, um brilho de primavera que tremula como a chama de um minúsculo fósforo… Erato, sua companheria dos nascentes, poentes e de toda a poesia entre os dois.