Ontem queria assistir o espetáculo de dança indiana de uma amiga, mas a chuva e os ônibus não ajudaram, então resolvi dar uma volta. Para quem é fã de Tolkien faz mais de 26 anos isso tem um significado especial!

Sai de Copa – no posto 6 sabe? – e fui caminhando por Ipanema, Leblon, dei um pulinho no Planetário (estava fechado), passei por um lounge chique e sem personalidade na Gávea – diante do encanto das ruas era um lugar apagado e não fiquei lá. Voltei para casa depois de três horas (duas caminhando) por um caminho ligeiramente diferente.

Entre cada oásis de luz e música que atrai multidões de jovens as ruas são como florestas esquecidas pelo tempo. Uma sombra ou outra vaga cabisbaixa entre o mosaico de pontos de luz desenhado pelo foco dos postes que ficam acima das copas das árvores, isso e mais nada além do vento, do rugido dos carros que se perdem abafados pelos pensamentos e devaneios.

Ocasionalmente surge uma praça, quase um bosque genuíno – como a Nossa Senhora da Paz – onde uma mulher de cadeira de rodas pode encontrar um canto para se aliviar e, do outro lado, um pequeno grupo de homens pode se dedicar aos seus assuntos secretos enquanto a chuva fina mantém o resto em suas casas, carros ou oásis noturnos.

A vida moderna flui de um jeito curioso… A rua, o caminho a vencer entre um ponto e outro, parece uma zona mística de esquecimento e anulação. Os rostos que passam sozinhos nestas viagens emolduram olhares vazios, fixados no destino adiante ou nas memórias do que está sendo deixado para trás.