Ela está sentada, os olhos baixos, perdidos nas próprias mãos que se trançam sobre as próprias pernas cruzadas. Ela está sentada na cama, metade do rosto nas sombras, a outra tristemente iluminada pela lâmpada de leitura. O quarto mergulha em uma depressiva luminosidade avermelhada.
De joelhos ao lado da cama ele a observa consternado. Olha-a de baixo preocupado vendo-a se afastar cada vez mais mergulhando em busca de um mundo onde possa sentir-se segura. Nenhuma luz chega a ele, mas seus olhos brilham com amor.
Lentamente ela oscila prestes a cair de lado. Suas forças exauridas de dentro para fora. Ele extente as mãos tocando as dela e diz que a ama, que está ao seu lado, mas o ruído ensurdecedor e sem som das paredes escuras devoram suas palavras como se fossem um suspiro moribundo.
O telefone toca, ele se retira para atender. Ela não precisa ouvir mais nada sobre o problema que lhe devora as entranhas vindo violentamente de fora, de um mundo que ainda não conhecia.
Um tremor dentro do peito dele o faz voltar para encontrá-la vasculhando mecânica e afoitamente as gavetas em busca de remédios juntando todos que conhece sentindo com os dedos trêmulos.
Ele, não sabe como, encontrá forças para evitar o desespero diante de tamanha dor e apenas a impede de mergulhar os pequenos agentes coloridos da fuga definitiva dentro da própria garganta. Desliga o telefone com a voz embargada sem boas notícias para dar.
– Amor, o que é isso?
– Não aguento mais… Não aguento mais…
Ela repete sem dor, sem medo, sem qualquer sentimento, como se fossem degraus descendo para o abismo escuro do seu desespero.
“Estou com você, olhe para mim, estou com você” – ele diz como quem anuncia uma verdade universal. Seja para mergulhar no desespero, enfrentar a escalada de volta ou permanecer encolhido a um canto, ele estará sempre com ela.
Imagem: Mediteraneam -Aristide Mailol
….. puxa Roney… no sei nem o que dizer.
O post lindo, apesar de estar focado num assunto super delicado e triste. Estou a pra vcs ok?!
O que precisarem….
Beijos!