“Moço, eu preciso voltar para a minha cidade, o senhor pode me completar o dinheiro para o ônibus?”
É alta a noite, em uma ou duas horas o sol surgirá espalhando seu magenta entre as paredes de mármore, pastilhinhas ou tinta dos edifícios de Ipanema.
“A copabacana veio e levou as nossas coisas, moço, só o senhor me deu atenção e eu tô com a minha esposa com asma. Me ajuda a sair dessa cidade horrível!”
O moço se arrepende de ter dando atenção. O sujeito gruda e o acompanha por uns dois ou três quarteirões insistindo, implorando, quase chorando.
Dias depois outro moço, outro expatriado: “fui assaltado, me ajuda a pagar o ônibus!”
Sujeito sem a menor pinta de mendigo, lá na faixa dos 45, faltam aqueles sinais de verdade e, afinal, por que não procura a polícia?
Pedintes…
“Uma esmola por favor” já não convence como antes – que o estado ou as ONGs cuidem deles! – então surgem os novos trovadores sem melodia, contadores de histórias que somem nos cantos escuros das ruas compartilhando o espaço com trombadinhas e assaltantes oportunistas de olhos vazios e frases prontas “me dá esse relógio se não te arrebento cheio de ódio no coração”.