Os olhos humildes olham embotados os carros que param no sinal, as pessoas que passam apressadas e os altos edifícios onde nenhum deles jamais entrou, e talvez onde jamais venha a entrar.

Na bancadinha de caixotes a mãe vende paçoca, amendoin e balas. O mais novo não passa dos 4 anos e aprende a enfrentar a vida com coragem atravessando o sinal onde toneladas de metal esperam para arrancar.

Logo a noite cai e vão se recolher para os buracos sob as pontes, sonhar com os dias que passam e fantasias que insistem em voltar.

Vez por outra um espectro noturno, pessoas que vivem da noite ou na noite, olham para as pessoas encolhidas nas frestas da cidade e se enchem de ideais humanistas de justiça social.