Indiferente… Ela me fita indiferente. Anos, décadas, séculos, talvez milênios, quantas vidas seus olhos vazios assistirão até que o tempo se esgote, que as partículas impiedosas de oxigênio finalmente a transformem novamente em pó?
Diante dela duas crianças “de rua”
O garoto e sua irmã sentem a areia agradavelmente áspera sob seus pés enquanto caminham descalços, finalmente livres do lar pobre ou talvez da companhia insuportável dos pais.
Olham com medo para o policial que tenta ajudá-los, com desconfiança para as pessoas ricas do asfalto que nunca se importaram.
Pode ser que a fuga não seja nada além da natural rebeldia adolescente, talvez seja mais uma vez vidas perdidas entre os jogos de poder de uma humanidade jovem demais, ainda indiferente demais.
A estátua testemunha. Suas mãos languidamente largadas sobre o colo como se dormisse, indiferente a nossos amores, nossos sonhos e pesadelos.
Amanhã ela estará lá, coberta por gotas da chuva noturna, mas sem nem uma lágrima sequer.
nada de movimento, e tanta hist�ria a ser desvendada. gostei.
Q texto animal! Parabens, como sempre!