Temos medo dos tempos fluidos.

Sonhamos, gostamos sempre de sonhar, com uma Terra fixa no centro do Universo, com a ordem imutável tanto dos grandes heróis da humanidade quanto da nossa singela e fugaz chama de consciência.

A mudança é o pesadelo que nos arranca dos sonhos suados no meio da noite a berrar ofegantes e desesperados na fração de segundo antes de percebermos que não passou de um terror noturno.

Nunca acordei assim de pesadelos.

Alguns de nós somos assim: fluidos por natureza, mutáveis, mutantes, loucos, por que não?

Essa coisa estonteante e tão estranha para todo o Universo conhecido é uma obra nossa! Dos mutantes e dos que são pilares da permanência. Essa coisa se chama civilização e só nós fomos capazes de fazê-la até onde sabemos.

Os pilares são importantes, é necessário algum atrito para que não mudemos rápido demais, descontroladamente.

No entanto não há vida sem a mudança.

É lá que vivo, na metamorfose, na subversão, na loucura de ver tudo nu e cru como é! E depois ver tudo distorcido e decomposto como, algumas vezes, também é.

A todo momento, se houver algo parecido com um “lado” é ao lado dos loucos da arte que você me encontrará!

Apenas não se esqueça que, algumas vezes, a loucura é uma criação da sanidade no meio de um mundo que se perdeu.

Imagem: Josh Felise