– Oi, tem um trocado ai?

Bate um vento frio dobrando a esquina bem iluminada junto com pedestres apressados.

– Senhora! Tem um dinheiro?

O menino de pés descalços estica a mãozinha suja para cada um que passa.

Cutuca as pessoas no balcão da loja de sucos até ser enxotado por um dos funcionários.

– Pô, já falei para cair fora! Vem mais tarde que te dou um salgado.

Não deve ter mais de 8 ou 9 anos e se afasta acostumado a ser mandado embora. Logo ali, num canto escuro da rua, se estendem seus irmãos, amigos ou companheiros de matilha, é difícil dizer. Se embolam todos juntos sob um cobertor velho e mal cheiroso.

Alguns dormem. Sonham? Com que sonhariam?

Dizem que sonham como todos nós, com casas, bicicletas, uma TV.

– Porque você não está na escola menino? – Pergunta uma senhora que passa com o guarda-chuva debaixo do braço.

Eles olham para ela num misto de indiferença e contrariedade.

– Hã… A dona acha que dá para estudar ai! Vai dona, vai para tua casa quentinha, vai…

Em outra esquina outro grupo de pés descalços arrastando cobertores mal cheirosos olham para uma TV que fala muda do outro lado da vitrine.

Alguns homens e mulheres debatem as mazelas sociais por que passamos. Uns se perguntam quem levará oportunidades de estudo e trabalho para as vastas parcelas da população que não chegam a sair do primeiro grau enquanto outros parecem se desagradar da existência destes párias.

Enquanto falhamos em lhes fornecer os meios para se aquecerem podemos ao menos lhes entregar novos cobertores para afastar o frio

Este post foi inspirado por um email que recebi anunciando a campanha do projeto Refazer:

REFAZER – Grupo de apoio à Criança e ao Adolescente

Rua Hans Staden nº34 – Botafogo – Rio de Janeiro

Tel/Fax: (21) 2527-3434

E-mail: refazer@refazer.com.br