Depois de percorrer uma longa jornada através de uma vasta planície finalmente ele chega a uma elevação coberta de árvores. No topo uma modesta casinha deixava escapar uma coluna de fumaça pela chaminé.

Cansado o homem vence os últimos metros entre o bosque sem trilhas e encontra o sábio sentado na varanda olhando para o horizonte.

– Mestre? Mestre? Venho procurá-lo humildemente!

– Não há nenhum mestre nestas bandas, filho. – responde o velho.

– Mas preciso saber o sentido da vida, a razão da minha existência e como ir alêm da vida rasteira nas planícies!

O homem, que já não é mais um jovem e deve beirar seus quarenta anos, olha suplicante para o velho sábio que permanece sentado de pernas cruzadas olhando fixamente o horizonte. Sem desviar o olhar e com o tom de quem fala com os próprios pensamentos ele responde:

– A vida segue naquela direção – e aponta para algum lugar a noroeste – e para ir além das planícies você precisa de bons olhos. A razão da sua existência você que sabe, a minha é cuidar da horta. Agora preciso ir!

O velho se levanta e deixa o homem sozinho com as respostas. Decepcionado ele parte de volta para sua cidade. Orgulhoso não aceita que foi incapaz de entender as respostas do sábio e passa a considerá-lo um velho arrogante que fala por enigmas quando certamente a sabedoria deve ser algo simples!

Enquanto isso o velho entra em sua casa e senta à mesa. Lá do fundo da cozinha sua esposa lhe pergunta alguma coisa.

– É mulher! Não dou três dias para cair a chuva. Vai ser bom para a horta! Ah! Passou um moço aqui…

A esposa chega na mesa com uma tigela de peixe assado, o almoço.

– É? E o que ele queria? – ela pergunta.

– Queria saber de um tal mestre, depois perguntou sobre a rota de caça, sobre como pegar os bichos mais graúdos e no que eu achava que ele trabalhava. Era um sujeito meio esquisito…