“Nossos olhos são as lentes, mas a visão final é do editor”

No silêncio profundo das madrugadas suaves sussurros balançam paredes, mas não nas estreitas ruas principais do Flamengo. Nelas nunca reina a noite posto que o rumor do dia permanece, apenas menos ruidoso.

Motocicletas, carros, caminhões e ônibus mantém os ouvidos diurnos atentos. Doze andares abaixo espalhafatosos boêmios lançam seus grunhidos como flechas através das janelas escuras.

Encaixotados os sonhadores ignoram todos estes ruídos cotidianos; até que gritos de dor se levantam acima da algaravia noturna obrigando pés vacilantes a arrastar pobres insones até suas janelas apenas para testemunhar o espetáculo de jovens sombras. Habitantes das ruas que vivem sob outra moral, em outra realidade onde a dor é instrumento diário e a esperança dorme esquecida e surda.