A cidade lá embaixo se assemelha a um tipo de escamação, uma irritação acinzentada na pele verde da Terra. Um palmo apenas e vamos de Copacabana a Ipanema, da Lagoa até o Leblon não são mais do que dois dedinhos.

Acima de nós apenas o rosto plácido de uma estátua de braços abertos como se fosse saltar livre nos ventos frios que trazem as nuvens úmidas.

Entre as encostas virgens ao oeste o sol nos espia rubro como o ferro em brasa. Não é difícil ver ali o olho austero de Ra.

Conforme o grande olho luminoso se fecha as luzes da cidade se espalham como um tapete de estrelas. Ah! Do alto o universo é pura harmonia, seja acima, seja na Terra, mas sabemos que, ao redor de cada pequena estrela nebulosas de gases aquecidos se incendeiam, agrupam-se formando planetas e, não raras vezes, são varridas pela violenta explosão do astro vizinho.