“Hoje a noite vai ser longa…”
Yule está sentada no bar com Cora. Seus olhos estão marejados, mas não é do chopp que está bebendo desde cedo enquanto conversam. Yule está triste.
“Pode ser Yule, mas a amanhã é outro dia e tenho certeza de que a noite será um pouco menor! Puxa, ninguém merece o Mar… um babaca como ele, mas pelo menos agora você sabe onde estava pisando, né?”
“Ai amiga… Parece que tá no inverno por dentro, sabe? Eu tava mesmo acreditando na gente… Bobeira, eu sei, mas tava.”
“Homem… aliás as pessoas às vezes puxam a gente para baixo, mas o importante é que sempre tem alguém com que a gente pode contar! Você não tá sozinha, não, viu?”
O vento fresco percorre o labirinto de mesas repletas de mesas lotadas sem se importar com o burburinho e cacofonia de vozes contando centenas de histórias diferentes ou meramente tentando se esquecer do mundo diurno de trabalho e responsabilidades.
Há os que enchem a cara, os que falam besteiras a noite toda, os que fazem chacota dos amigos e uns poucos solitários que sentam em suas mesas comendo um galeto e observando os outros para se esquecer deles mesmos.
Cora e Yule estão no grupo – nada menor do que os outros, sejamos justos – que tenta achar um sentido para a vida, nem que seja saltando de um clichê para outro.
Cora é natureba, normalmente estaria bebendo um Ades de maçã, mas hoje está acompanhando a amiga na bebida e está suficientemente tonta para não perceber os olhares interessados dos rapazes à volta. Além do mais era justamente esse interesse superficial masculino que estava ferindo a amiga e… Bem, digamos que a melhor chance de contato com ela nesse momento envolva um olho roxo ou a marca vermelha da sua mão no rosto do rapaz.
“Cora! Vou te dizer, viu? Muito bom ter você aqui! Pô! Você não precisava ficar ouvindo minha choradeira numa sexta de noite cheia de gatos!”
“Deixa de ser boba Yule!!!! Gato a gente acha toda hora, amigos são poucos! Você acha que eu te deixaria na mão? Aliás…”
Entre as mesas elas enxergam meia dúzia de rostos familiares, amigos e amigas chegando para encontrá-las depois do trabalho. Um deles até usando o terno bem alinhado de advogado.
“… Aliás você acha mesmo que seus amigos iam te deixar curtindo uma fossa? A noite é longa, mas não precisa ser triste! Garçon! Junta uma mesa aqui!”