“A noite assombra as ruas enquanto os dígitos do relógio correm para as zero hora”
Já notou que começo muitos textos assim? Que tenho um certo encantamento pela noite? Odeio ser repetitivo…
O motorista passa ao largo ignorando a impaciência da gente se sacolejando para que ele parasse. O letreiro diz “Bom dia… 572”, mas é noite.
Com o dedão ele apontava para trás “Pega o outro porra” ─ ele parecia dizer.
“Que outro, merda?”
Era o que todos pensávamos dez minutos depois…
Pensávamos em silêncio pois aquele era um ponto de ônibus para estranhos que nunca se viram. Que esperam algo que os arraste para casa e à cama sedutora.
Não lembro da última noite escura, noite de verdade, sem luzes alaranjadas, sem cheiro de rua. Hummm… Lembro sim, foi no sítio de uma amiga.
No breu profundo da madrugada à beira da floresta o único ônibus que passa é o circular alucinação-devaneio via superstição.