As ruas de qualquer grande cidade moderna fervilham com os passos apressados dos que vão de um prédio a outro, a restaurantes ou para seus carros.
No centro apinhado de camelôs e moradores de rua as pessoas fluem como folhas num rio de correnteza ruidosa… São leves como o algodão das nuvens no céu azul. Os pesos da pobreza, das diferentes formas de violência e das responsabilidades apenas raramente as atingem. Estão protegidas por antolhos.
No meio destas imagens cinzentas uma moça de roupas coloridas caminha arrasando um peso invisível, mais adiante um jovem rapaz abraçado a livros, de traz de uma árvore vem um senhor de barbas longas, sentada no banco da praça em roupas sujas e rasgadas uma criança… Todos encurvados, olhares profundos fixos no horizonte invisível atrás dos prédios. Lábios cerrados e mãos firmemente fechadas… Em seus ombros os pilares esquecidos da abóboda celeste.
Por um instante se entreolham e um vento inesperado levanta do chão as folhas deixadas pelo outono, por um instante a rua se enche de movimento, caótica harmonia e dança…
Essa é uma homenagem velada aos sonhadores que acreditam e aos bailarinos que nos visitarão esta semana no Dança em Trânsito.