Amarelou!! É! O malandro amarelou!! Você acredita?

 Fala sério! Jura?

Do outro lado da porta de vidro do restaurante um calor infernal e um formigueiro de ternos suados, camisas coladas no corpo molhado de calor e rostos contrariados com o clima às portas do verão.

As duas amigas conversam em uma mesa de fórmica, cada uma com sua bandeja. É hora do almoço, mas dá para esticar meia horinha a mais para colocar as fofocas em dia.

O malandro em questão é o gerente metido a gostoso que arrasta uma asa para todas as colegas de trabalho. É o tipo que sempre se vale de cantadas machistas, nojentas e antigas.

Vera, o cara tem mau hálito! Parece que comeu uma meia podre! Não sei como você conseguiu!!

É… Foi difícil,viu? Foi difícil Clarinha! Mas eu tinha certeza de que o cara era um babaca e queria ver a cara dele! Agora ele não me enche mais!

Tá, eu vi a sua cara entrando na sala dele, vi a cara dele depois que você saiu, mas quer me dizer exatamente o que aconteceu?

Vera tinha entrado na sala do pobre crápula decida a dar um jeito naquelas paqueras que davam nojo e eram disparadas para todos os lados indiscriminadamente.

Ele estava sentado e olhou para ela com aquele jeito de gostosão que bate em mulher na cama. Sem virar para trás ela fechou a porta com o pé avançando até ele, inclinou-se sobre a mesa, segurou a camisa dele puxando-o e tascando um beijo sem qualquer pudor, invadindo com a língua a boca fedida e controlando o asco.

Não foi um beijo longo, ela não aguentaria, afastou-se alguns centímetros, deu uns tapinhas na bochecha dele dizendo que “agora você está em maus lençóis cachorrão! Só que antes é melhor usar isso aqui.” e colocou um vidro de colutório em cima da mesa.

Antes que ele tivesse chance de falar qualquer coisa ela já tinha escrito dois ou três telefones num papelzinho que entregou a ele dizendo que eram os telefones dela, que lhe ligaria de vez em quando para falar sacanagens e que ele se cuidasse para a esposa dele não ouvir quando ela ligasse para a casa dele. Virou-se e foi embora.

Essa pode não ser uma tática segura ou aconselhável, mas o fato é que aquele machão especificamente nunca mais foi o mesmo. Passou a baixar os olhos quando as mulheres passavam e evitava a Vera de todos os jeitos