Apagou-se.

Ela, que correu nua sobre a grama molhada sem se importar com os olhares recriminadores dos que seguiam resignados pela estrada, apagou-se.

Ela, que não deu ouvidos quando lhe disseram “o amor é a felicidade perfeita” porque sabia que a relva macia esconde seus espinhos e pedras – um custo baixo a pagar pela liberdade – apagou-se.

O vale ensolarado, com medo da maciez dos seus pés, mergulhou nas trevas da própria cegueira e desapareceu do mundo para sua amada.

A ela, que teceu tantas mantas, restou apenas entregar-se às lágrimas por mais um amor perdido pelo legado de Adão e Eva, expulsos por sua própria confusão.

Imagem: Vampire – Edvard Munch – 1895