Os reflexos da enorme árvore de natal correm pelas águas da lagoa enquanto lá nas nuvens pesadas que planejam alguma tempestade de verão correm as luzes dos holofotes. Os arbustos, vegetação de mangue que deve ter cercado toda a lagoa no início, escondem a margem de onde vem o barulho de um grande peixe na água. Então… vozes. O tom confidente, grave e murmurado de quem conversa ao lado de outros que dormem. Novamente o ruído da água, risos…

Lá estão, vindo contentes com o jantar garantido, os peixes presos em suas redes, os pés molhados deixando o rastro de pegadas na areia. Por um momento as luzes da cidade parecem esquecidas e opacas, o som dos carros apenas o rumor distante do mar e a civilização um processo ainda por vir!

Imagino que aqueles índios sentarão protegidos pela ribanceira e tostarão seu peixe numa fogueira de gravetos enquanto naquela distante civilização de onde vim alguém estará em um restaurante caro…