Os corredores escuros deixam passar o frio noturno que atravessa as grades. Apenas o som baixo dos seus passos e gemidos abafados quebram o silêncio noturno como uma névoa colada ao chão.
Atrás das grades se apinham centenas de presidiários que encaram seus ódios e seus medos nas horas esquecidas da madrugada.
Em um canto um rapaz se encolhe tremendo, os olhos fixos e vidrados, o corpo tremendo de frio e dor, o espírito há muito dilacerado. Ele espera os dedos frios da morte virem levá-lo.
Os passos no corredor seguem seu caminho deixando para trás as sombras. Fim de turno, mais uma hora e ele estará ao lado dos seus filhos e das mãos calejadas e com aroma de tempero de sua esposa que o espera no barraco frio de paredes finas.