Existe uma forma de olhar que faz tudo se mover em câmera lenta, é um certo foco ou talvez um estado de espírito, não se explica muito, também não dá para usar de acordo com a nossa própria vontade, é uma coisa que vem na iminência de um acidente ou em momentos especiais.
Mesmo quando não parece haver nada de especial no momento.
Como algumas horas atrás.
A rua fervilhava como sempre. De todo lado fluxos de gentes, todo tipo de gentes.
Eu seguia entre elas, apressado, logo atrás de um rapaz de boné branco, cabelos grossos e bem colados na cabeça trançados formando caminhos que terminavam em uma série de trancinhas curtas. Um típico latino americano dos bairros mais perigosos de Nova Iorque, mas no Rio de Janeiro.
Vindo em nossa direção uma mulher já com seus cinquenta anos.
Então aconteceu. Câmera lenta.
Durante os minutos em que se transformaram os segundos que levou para ela cruzar nosso caminho seus olhos se desviaram para o rapaz.
A testa ligeiramente franzida, o olhar entre um leve receio e uma curiosidade mais ardente. Lentamente ela chegou a virar a cabeça levemente para a direita envolvendo o rapaz com seu olhar de presa. E ele era o caçador.
Papel aliás que parece ter aceito de bom grado.
Seu passo em câmera lenta desacelerou ainda mais enquanto o corpo se torcia como uma espiral, como o caule de um girassol que se vira para o sol.
De alto a baixo os olhos fixos desvendaram a mulher que passava por ele. Um ligeiro avanço do maxilar inferior e um esgar dos lábios transpiravam o desejo claro do caçador.
Sem razão o mundo voltou ao seu ritmo normal e, quando me dei conta, já não via mais nem rapaz, nem senhora, só me acompanhou o quadro paralisado do último movimento da corte entre a gazela e a pantera…
falando em maneater. outubro. madonna. t quase certo. s no se sabe nem quando, nem onde, nem quando. melhor, s se for verdade.
Se rolar, se for no mesmo lugar onde foi o dos Stones, se minha tia puder ceder o ap, seu lugar est garantido! ;)