O mundo está mudado. A gente não percebe pois o medo da mudança… Bem, esses são tempos pessimistas e não acreditamos em dias melhores, mas desde Einstein podemos sentir no vento, no movimento das ondas ou nos choques entre culturas que o mundo mudou e tudo se tornou relativo.

A teoria de Einstein não tem nada a ver com esse tipo de relativismo, mas inspirou um século que se esforçou para sair da intolerância para a aceitação.

Vivemos os séculos da ciência e cada nova teoria rapidamente ganha espaço entre as multidões que comparam humanos ao fantástico mundo quântico e extraem disso uma nova filosofia de vida.

Durante as décadas de 80 e 90 praticamente só Fritjof Capra (na Wikipedia) se atrevia a comparar física e misticismo com O Tao da Física (1975) e Ponto de Mutação (1982) apesar da reprovação de Hawkins e outros cientistas.

Há uma boa razão para isso.

Assim como a Relatividade de Einstein diz respeito a distorções no espaço-tempo que fazem a luz se mover a 340 mil Km/s mesmo que a gente corra em direção a ela e não sobre questões morais (que ele aborda em Como Vejo o Mundo), as incríveis demonstrações de universos paralelos, bilocação e outros fenômenos do panteão espiritual são aplicáveis apenas a partículas sub-atômicas e não a estruturas complexas como nós.

Por outro lado…

Em oito de cada dez papos de fim de semana em que me envolvo alguém invoca as físicas para explicar como sabemos quem está ligando antes de atender o telefone, porque as pessoas aparecem quando pensamos muito nelas e outras sincronicidades cotidianas.

Algo deve existir para explicar isso tudo…

As candidatas da vez são as supercordas e a teoria M que faz o universo parecer um vasto tecido de vibração e música.

Ninguém entende realmente o que é um Calabi-Yau ou uma M-Brana (muito menos eu que não sou físico), mas existe essa curiosa sinergia entre ciência e a forma como percebemos o mundo.

Em parte isso acontece em virtude do esvaziamento do significado das religiões, em parte porque o nosso ensino não é tão ruim quanto pensamos e talvez em parte porque realmente existe um Inconsciente Coletivo e de alguma forma nossa forma de ver o mundo influencia a nossa ciência… e vice-versa.

Se você acompanhou até aqui percebeu que nã concordo muito com essas comparações entre misticismo, espiritualidade e ciência, mas isso não quer dizer que eu desaprove. Acho bem melhor isso do que se apoiar em filosofias ou tradições religiosas quase totalmente abstratas e subjetivas.

Tenho a impressão que, quando tentamos explicar o desenvolvimento da nossa consciência de acordo com as leis recém descobertas da física, estamos aproximando a nossa consciência do Cosmo enquanto, no passado, ao condicioná-la a nossas crenças, acabávamos por afastá-la do nosso ambiente criando a civilização anti-ecológica e espetacular (no mau sentido de Guy Debord) que vemos hoje.

Este post surgiu de um papo com uma amiga que me questionou “deve ter algum fenômeno físico que explique essas coisas [sincronicidades] que não temos como explicar” e, se ela estiver lendo isso tudo com certeza franziu as sobrancelhas porque até agora não disse que física seria essa por trás do inexplicável.

A resposta é simples: não sabemos! ;-)

É claro que temos que tentar saber, o que não podemos é não saber conviver com a ignorância ou acabamos inventando deuses e demônios para explicar o que não entendemos, ou então distorcemos a física para tentar preencher esses vazios.

Se você quer ler os livros acima (tive que apagar, os links se perderam. Vou recomendar outros no fim do post) para se alimentar de possibilidades e de perguntas siga em frente! A ciência é um vasto e maravilhoso universo de descobertas!

Se você busca desesperadamente uma resposta o melhor conselho que posso dar é NÃO ;-)

Há milhares de perguntas cotidianas esperando por respostas que podemos alcançar, não as despreze para sair em busca das respostas que ainda não podemos obter.

Links:

Livros:

  • O Andar do Bêbado, Leonard Mlodnow;
  • De Primatas a Astronautas, Leonard Mlodnow;
  • A Magia da Realidade, Richard Dawkins;
  • Hiperespaço, Michio Kaku;
  • Origens, Neil DeGrasse Tyson.