Nossos primos de Portugal dizem bosão. Acho tão mais simpático que bóson que foi para o título

Quando eu tinha 11 anos, sei lá como, me caiu nas mãos o livro A Evolução da Física de Albert Einstein e Leopold Infeld. Demorei anos para ler e transformou minha visão do mundo.

A “física profunda” não serve para nada prático, é mais a experiência metafísica de ver que a realidade onde vivemos é estonteante e pouco conhecida.

Depois de 34 anos tentando entender a física to ponto de vista do leigo achei que eu poderia ajudar as pessoas que andam se perguntando “Tá, bóson de Higgs, não entendi nada! E para que serve isso?”

Para que serve eu já disse… Tem gente que quer respostas e busca religiões, tem gente que quer perguntas, que gosta de se extasiar com a fantástica beleza do Cosmos, tenha ele sido criado ou surgido de outra forma. Essa é só mais uma pergunta que esse tipo de pessoa prefere não ter resposta enquanto não for indiscutível.

 Agora vamos ver se consigo explicar o resto: a experiência e o que é o bóson de Higgs.

Mas antes eu PRECISO compartilhar as duas explicações mais divertidas que ouvi :-D

O Bóson de Higgs , partícula derivada do Hóson de Biggs, na verdade não é uma partícula e sim um ponto em movimento retrógrado circunflexo que, ao ser absorvido por meio de um próton colapsado cria uma descarga de polaridade positiva e acelerada, a qual produz um choque de fricção aleatória que entra pelo chamado holeworm extrauniverso e sai em plena Sapucaí, dando origem ao fenômeno conhecido como “apoteose intra-quântica”. Facinho de entender!”

Renato Motta

Um próton (ou seria elétron) vem na contramão e bate de frente no outro. Aí com o choque, espalha um monte de destroço (ou algum outro troço). Um deles ninguém tinha visto, aí disseram que era o bóson. Entendeu? É minha versão! (hahahah melhor que explicar para leigos é ouvir a explicação de um deles)”

Danielle Barreto

Tem uma boa explicação de um físico, mas tá em Inglês:

Tem esse aqui em português:

Então se os vídeos não bastaram vamos à minha tentativa de explicar com uma analogia…

O Universo é um bolo. Um monte de ingredientes foram colocados num forno, cozinharam e saiu um bolo delicioso, fofinho e que cresceu pacas!

Você não tem um forno e nunca poderá fazer um bolo, mas tem essa curiosidade incontrolável que faz faz querer saber de qualquer jeito como o bolo foi feito.

Depois de saborear, cheirar, olhar no microscópio e tudo mais vc percebeu que ele tem farinha, açúcar, sal (sim! Tem bolo doce que leva uma pitada de sal), leite, ovos, manteiga, chocolate etc. Tudo faz sentido, mas você percebe (porque é muito inteligente) que tem que ter uma outra coisa para tornar o bolo possível, para ele crescer e cria a hipótese (vou chamar de hipótese porque teoria é uma coisa muito séria na arte de fazer bolos e uma ideia só ganha esse status depois de passar por muitos testes) do fermento.

Tem que haver uma coisa que você vai chamar de fermento de ________ (seu nome aqui) que “dá liga”  para o bolo.

Para descobrir esse cara você desenvolve um monte de suposições tipo “Se existe fermento o bolo vai murchar se alguém berrar do lado dele antes de ficar pronto” e parte para os testes já que você não consegue ver o fermento diretamente (por favor, me ajude e use a sua imaginação para pensar numa razão para você não conseguir ver o fermento, tá?)

Como você não tem um forno tem que se virar com umas caixinhas de fósforo e gotas da massa de bolo que você acha em cima da pia da cozinha. É uma canseira!

É isso que estão fazendo lá no LHC: vendo se o bóson de Higgs dá as caras quando a gente tenta simular o que aconteceu no começo do Universo.

Ficou compreensível assim?

No caso do Universo (que, caso você não tenha notado, não é exatamente igual a um bolo) os nossos físicos acham ter visto todos os ingredientes, exceto um, o que faz com que todos os outros tenham peso (massa, mas vou chamar de peso para simplificar… Se bem que massa não é peso… Bem, esqueça esse parênteses).

E como o Higgs dá peso para as coisas?

A melhor analogia que ouvi é que o tal bóson de Higgs é como flocos de neve que se espalham pelo Universo inteiro e as partículas são como pessoas de esqui, botas de neve ou sapato comum. As primeiras passam deslizando, as segundas caminham devagar e as últimas vão atoladas na neve. Quanto mais dificuldade de “passar” por esse campo, mais massa a partícula tem.

Essa explicação também é horrível…

Como assim essa partícula, esse bosão de Higgs tá igualmente espalhado por todos os cantinhos do Universo? Você também não acha que isso não faz sentido?

Controvérsias

Sempre achei que uma teoria muito complexa e difícil de entender é uma teoria incompleta.

Não sei se você sabe, mas teoria em ciência é uma coisa mega séria e super testada. Então se chamam de teoria é porque ela funciona, tipo a teoria da gravitação universal: quando a gente usa as fórmulas dela para prever o que vai acontecer as coisas realmente acontecem ;-)

Mas vamos voltar ao bolo…

Você sabe que bolo sola quando alguém berra do lado dele, né? Ou talvez seja quando abrem demais a porta do forno.

Vamos imaginar agora três porquinhos curiosos (deu certo com o conto de fadas, quem sabe dá certo aqui também?): um surdo, um cego e o terceiro tá fazendo o bolo, mas é um troll que finge que é surdo, mudo e cego só para zoar os outros.

Lá pelas tantas o porquinho que tá fazendo o bolo vai lá e, de costas para os outros, abre o forno e berra bem alto para solar o bolo.

O porquinho surdo não sabe que ele berrou e deduz que o bolo solou porque o irmão olhou para ele, ou talvez porque abriu o forno. Já o porquinho cego só ouviu o berro e achou que berros solam bolos.

Pois nós somos como esses porquinhos (e o Universo é o porquinho troll) porque somos surdos e cegos para 26% da matéria no Universo e 70% da energia. São as chamadas matéria e energia escura que a gente já conseguiu perceber que estão lá, mas não temos instrumentos para “enxergar”.

Isso quer dizer que talvez essa experiência que pode ter achado o bóson de Higgs tenha só percebido o reflexo de alguma outra coisa.

A história da ciência é assim: cheia de coisas que parecem e até funcionam para fins práticos, mas depois percebemos que não é daquele jeito. Tipo o Sol que a gente achava que girava em volta da Terra e hoje sabemos que é a Terra que gira em torno dela mesma. Se você quer saber que horas são não faz diferença, né?

A outra teoria que tem defensores como o Neil DeGrasse Tyson e o Michio Kaku é a tal teoria das cordas… Alguém pode dizer que ela está mais para uma hipótese, mas o fato é que o atual modelo padrão, o que precisa do bóson de Higgs para funcionar, não explica várias outras coisas que tem no bolo, como o recheio por exemplo… E você há de concordar que muitas vezes o recheio do bolo é muito melhor do que o próprio bolo.

Como não entendi nem 1% dessa teoria não vou tentar explicar nada, só vou me arriscar a dizer que para ela existe um tipo de tecido ou de infinitas cordas que, quando vibram, produzem matéria. Então o que podemos ter visto nessa descoberta do bóson de Higgs é um tipo de vibração diferente nessas cordas…

Mas, convenhamos… Cordas infinitas atravessando o Universo não são menos absurdas de imaginar do que flocos de neve invisíveis que estão em todos os lugares…

Se alguém conseguir entender melhor essas coisas e, principalmente, achar  umas analogias mais úteis, por favor, me conta! Um dia ainda vou entender essas “físicas profundas”!

Referências: