Resolvi dar uma pausa no tom normalmente experimental deste blog para falar claramente por um instante. – apesar de achar a expressão simbólica muito mais rica e divertida.

O ciberespaço é um vasto e novo território, bem similar às américas quando de sua “descoberta”. Ele tem seus nativos, que podemos chamar de hackers, entre os quais atrevo-me a me incluir, e temos os visitantes, ou colonizadores.

Esse é um tema delicado, corro o risco de ser mal interpretado e parecer preconceituoso. Peço que você tente afastar estas considerações! Me refiro apenas ao fato de que algumas pessoas “entraram” muito cedo no ciberespaço e nele se integraram melhor do que outras. É como o cinéfilo ou o leitor que mergulham profundamente na obra que assistem. Há mesmo leitores que sentem frio, odores e cores do que estão lendo…

Assim são os cibercidadãos no ciberespaço: eles não olham para telas de computador, olham através de janelas (embora geralmente reneguem o Windows) para grupos de pessoas que se reúnem em fóruns, para vastas enciclopédias comunitárias, para rios onde podem dar vida ao seus projetos.

Resolvi tocar neste assunto claramente por causa do tratamento que a nova febre internauta tem recebido da mídia. Sim, é ao Orkut que me refiro.

São raros os artigos que não rotulam a comunidade de inútil ou infantil. Em muitos casos sem nem mesmo entrar lá para conhecer! “Não vi e não gostei“!

Sim há muita tolice no Orkut, ele é a maior comunidade on-line do mundo (cerca de 2 milhões dos quais mais de 45% são brasileiros) e o perfil da minoria que tem acesso à Internet acaba prevalecendo.

Os cactos entretanto tem belas flores entre os espinhos! Há comunidades sérias que discutem a língua portuguesa como a Inculta e Bela, física como a Física (Oh!) ou a Orkutiqueta que fala sobre a boa convivência on-line.

Acima disso, afinal há outros fóruns muito mais sérios, o Orkut tem o mérito de reapresentar os novos cidadãos ao fim básico do ciberespaço: criar comunidades!

Um ciberespaço limitado a grupos fechados de discussão pode ser um ambiente neurotizador, em comunidade os direitos de cada um regulam os dos outros.