Há pouco mais de 20 anos eu estava na proa de um navio fundeado a uma certa distância do litoral da Argentina. Completamente sozinho…
Ergui uma taça de vinho para a lua imaginando que a brisa que esfriava meu rosto tinha tocado mais cedo o nariz da mulher que eu já amava na época.
Mas não foi essa experiência que me tornou uma dessas pessoas que ficam pensando na vida enquanto todos à volta bebem e se divertem, mas essa é uma longa história, digamos apenas que sou assim :)
No entanto a experiência me ajudou a valorizar os momentos que temos ao lado de quem amamos e como é importante amar.
Cá estou eu blogando sobre a vida enquanto vejo pelas janelas cibernéticas que amigos se divertem por todos os lados, mas digo em minha defesa que esse ano meus pensamentos são leves; até um pouco contraditório com o que escrevi no Natal, mas uma das vantagens em ser humano é que as contradições estão em nossa natureza.
Hoje, vou confessar, acho que tanto o Natal quanto o Réveillon e o aniversário devem ser datas para esquecer da realidade, para se entregar a alguns excessos (inclua ai o Carnaval), desde que ao final a gente esteja satisfeito, leve e com histórias guardadas para nos alimentar nos dias difíceis.
Já passamos o ano todo quebrando a cabeça, dando murros em pontas de facas, domesticando dragões e driblando situações desagradáveis no trabalho e na vida pessoal.
Não que o dia-a-dia seja ruim, mas sempre há momentos ruins.
Talvez se fizermos direito ao nos entregar às festas nos esvaziando de tudo que pesa tenhamos visão para construir um ano com mais alegrias que dificuldades.
Quando nos entregamos à festa pura, ao abraço do amigo sincero, do amor profundo, talvez encontremos lá no fundo, sob as frágeis alegrias, o fio poderoso da felicidade.
Digo com o coração transparente: o mundo seria muito melhor se todos fôssemos capazes de nos entregar às alegrias simples cotidianas e jamais pensássemos nas tais questões fundamentais que, juro, de fundamentais não tem nada, são apenas perguntas sem respostas que servem para perturbar a tranquilidade e impulsionar a civilização para o futuro.
As questões fundamentais não são úteis para os indivíduos :-)
Portanto, se você passou (como eu) a virada do ano pensando no passado, no futuro e como eles se engendram no presente, pense com carinho na minha sugestão: pare um pouco de pensar e viva a pureza da vida, ela pode nos ensinar muita coisa!
Feliz Ano Novo! Feliz Década Nova!
Ah!!! Uma música para a ocasião!!! Poliphonic Spree – Hold Me Now!