Observando em out/2020 (no meio da pandemia): Tem muita ingenuidade e opinião fora de lugar de fala nesse post. Em uma sociedade sistemicamente adoecida, envolvia em uma normalidade tóxica, o marginal “não falha em em se manter capaz de sentir empatia”. No entanto o parágrafo final continua valendo.

Ser humano não é uma tarefa fácil. É um desafio diário.

Humano definitivamente não é animal. Temos capacidades incomuns e qualidades que outros animais não possuem tem como consciência, empatia e, acima de tudo, razão e a capacidade de mudar a nossa realidade.

O desafio em ser humano está na necessidade de resistir à nossa herança animal. Nossos instintos que nos tornam tão vulneráveis ao medo e, através dele, à raiva, ao ódio…

Creio que não há um grupo de amigos onde uma boa parte deles não seja contra os direitos humanos afinal “vai dar direito humano para bandido quando ele não dá para nós?”.

Bem, conto com a sua boa vontade para me permitir tentar demonstrar que essa é a voz dos nossos instintos, da nossa parte não humana, falando. Serei breve, só peço que você procure sua mente vulcana, se livrar dos pré-conceitos e emoções por um tempo (algumas são humanas, mas é tão difícil separara-as das que são instinto…).

A propósito, vale a pena ler A Piada Mortal de Frank Miller para uma reflexão mais longa do que vou expor a seguir.

O que diferencia o humano do não humano é a capacidade de tratar os outros humanamente, não importa quem sejam. Para os cristãos isso está bem claro no exemplo dado por Cristo.

Para quem é ateu isso pode ser demonstrado com lógica. O marginal é capaz das atrocidades que faz pois falhou em se manter capaz de desenvolver empatia pelos outros e lhes garantir direitos humanos.

Tratar o mal com crueldade só nos faz outro lado do mal e portanto tão desumanos quanto ele.

Se você, nesse momento, sente irritação com a opinião acima avalie suas emoções e julgue se elas vem do que há de mais humano em você ou se vem justamente do seu impulso instintivo de vingar o mal.

É difícil… Sei bem disso toda vez que estou tentando me concentrar e o vizinho coloca o som nas alturas destruindo minha concentração. Minha mente involuntariamente imagina cenas cruéis com o vizinho :-) Sério.

Mesmo que não aceitemos a lógica acima há outra razão para que os direitos humanos sejam aplicados a favor de todo e qualquer humano pelas chamadas pessoas de bem.

Quando um criminoso é capturado e tratado com crueldade ele tem seu ódio confirmado, ao retornar ao seu meio ostenta cicatrizes de guerra e se torna um herói capaz de atrair novos criminosos.

Se a pessoa é recebida com respeito ela descobre que há outros mundos além do seu onde reina apenas a violência, ela tem chance de aprender que há outras formas de viver e construir redes sociais além da força e do medo. São numerosos os casos de criminosos que se regeneram ao ser acolhidos em um grupo social humano e saudável.

Mais uma vez é bem possível que seu coração agora esteja repleto de asco das ideias acima, afinal a gente vai tratar com carinho quem é cruel? Então vamos ser cruéis também para sermos bem tratados?

É… É muito difícil separar as emoções da razão. É muito fácil ser arrastado por elas para o fundo do poço da loucura e do ódio, mas não são mais ou menos esses os sentimentos que acabam distorcendo outros humanos a ponto de torná-los criminosos? É aqui que entra A Piada Mortal ou Curinga, o Filme. Exemplos de onde o medo e o ódio nos levam.

Temos um grande desafio pela frente: sermos maiores que as nossas emoções selvagens e construir uma sociedade onde os poucos psicopatas e sociopatas tenham outras opções além do crime e as pessoas normais não sejam levadas para longe das qualidades humanas que temos desenvolvido lentamente ao longo de milhares de anos!