Vários amigos em minha timeline felizes com a tortura e humilhação pública de um bandido. Pessoas de bom coração e até que participam de projetos sociais, dedicam tempo considerável de suas vidas com crianças ou pessoas marginalizadas.
Sempre que vejo casos assim me lembro de A Piada Mortal.
Lamento pelo spoiler, mas nessa Grafic Novel o Batman e o Coringa são retratados como duas manifestações do ódio e da loucura.
O universo do Batman volta a isso no filme que chamo de Coringa, o Filme quando ele, o Coringa, tenta mostrar que não há diferença entre as pessoas comuns e os bandidos além de uma linha tênue que qualquer um pode ultrapassar: a do ódio.
Ter uma certa satisfação ao ver o que nos faz ter medo ser humilhado é normal (aliás podemos até lembrar do Ridiculous de Harry Potter) é normal, mas devemos evitar isso se não queremos ser infectados pelo ódio e, certamente, não devíamos jamais ratificar indivíduos ou grupos de pessoas que são capazes de ser cruéis com outras pessoas mesmo que o alvo deles sacie nosso desejo de vingança… A propósito desejo de vingança raramente nos faz bem.
Sei que é muito difícil manter princípios cristãos nessas horas (principalmente quando a sugestão vem de um ateu como eu hehehe) mas é necessário. Seja por serem princípios cristãos, seja por serem princípios humanos ou simplesmente por ser mais lógico que para haver uma sociedade justa todos, absolutamente todos, devem ser tratados com respeito pela sociedade.
O ódio e a violência devem ser exclusividade do que é marginal, do que não se inclui na sociedade e que a corrompe.
Infelizmente não é assim que ela, a sociedade, funciona e a crueldade é um instrumento comum do Estado contra ele mesmo (considerando que somos todos parte do Estado) e vemos a força policial “estancar na porrada” professores, estudantes, criminosos e mendigos da mesma forma.
Difícil, muito difícil, mas se queremos construir um novo mundo temos que tentar reconhecer sempre os desejos que vem do nosso medo ou da nossa raiva.
Imagem: Coringa dizendo “Não fique quite, fique louco” – Fonte: Nerdtubo