Acho que o #NãoVaiTerCopa sofre uma certa síndrome de Gandalfo.

Vejo uma galera criticando essa palavra de ordem como se ele fosse o que coloca a Copa em risco quando na verdade ela é duas outras coisas:

  1. Um sintoma das coisas que realmente podem causar um fiasco;
  2. Denúncias do que está errado desde o princípio.

Quem quer Copa devia estar com a atenção voltada para políticos, empreiteiras e seus satélites.

Sim, tem gente ameaçando sabotar a Copa também (até agora não fizeram nada). Dizem que vão paralisar transportes e infraestrutura para ajudar a atrapalhar.

Tá, isso seria ruim de várias formas, afinal quem tinha que meter a mão em grana ilícita já terá metido e só o pobre infeliz que pagou para ver a Copa é que vai perder.

Por outro lado até que ponto pode-se pedir bom senso quando os cavaleiros negros estão invadindo a cidade e o Merry e o Pippin acham que os outros não podem estragar a festa? Uma festa que não é para quase ninguém na cidade?

Adendo (27/05/14)

Falei acima que “quem tinha que meter a mão em grana ilícita já terá metido” e, dias depois uma organizadora local da Copa usou o mesmo argumento para convidar todos a serem cúmplices da corrupção. Decidi então colocar aqui meus comentários sobre isso para ninguém achar que concordo!

Aqui está o que a moça disse: “O que tinha que ser gasto, roubado, já foi

Meus comentários:

Vejo diferente. Quem queria um bom espetáculo devia ter se juntado aos protestos desde o começo para evitar que a roubalheira e incompetência nos deixasse com estádios e aeroportos incompletos, transporte à beira do caos, uma população que se sente excluída da copa e do governo a ponto de ser facilmente conduzida à barbárie dos linchamentos.

No final das contas ainda se dirá na imprensa internacional que, apesar dos avisos populares através de protestos a sociedade brasileira mostrou ainda não ter maturidade para exigir transparência e competência da classe política e empresas.

Democracia é o que fazemos entre eleições pois o momento da urna é o que declaramos que projetos de governo queremos e todo dia temos que cobrar.

Quando a resposta à nossa cobrança é o desprezo e violência de Estado cria-se a linguagem da revolta que responde violência com violência.

Imagem: Gandalfo, o agourento – Fonte Cinema10