Muita gente tem dito que não aguenta mais o Facebook, ou seja, não aguenta mais os próprios contatos que mostram opiniões e linhas de pensamento absurdas.
Pessoas preconceituosas sofrem com o que percebem como uma polícia do politicamente correto enquanto o outro lado se espanta com as demonstrações de preconceito explícito.
Em comum o que temos é “excesso de paixão”.
Chamar de paixão é uma lástima, mas já tivemos “crimes por amor no século passado” e creio que paixão é o termo que fará mais sentido para quem ler isso.
O problema do excesso de paixão é que ele tem a propriedade de obscurecer a razão e então vemos defensores cegos de animais, da ditadura, da democracia, da anarquia, contra ongs, a favor de ongs, contra… Bem, você provavelmente já passou por isso.
E o obscurecimento funciona para todos os lados.
Quando a gente tenta mostrar que ditadura não tem defesa acabamos pelo menos soando passionais e irracionais… Talvez muitas vezes isso seja verdade. É muito difécil lidar com ideias diametralmente opostas às nossas.
Temos redes como o Twitter onde somos obrigados a sintetizar as ideias o que já nos leva a refletir mais antes de escrever e a retirar o que é desnecessário deixando apenas argumentos. Além disso o Twitter tem uma “janela” de leitura mais restrita e raramente você vai buscar coisas tuitadas há mais de 2 horas ou seguirá a longa linha de mensagens encadeadas em uma conversação.
Outras são como o WhatsApp que se concentra em amizades muito mais próximas, gente que sai junto frequentemente e a escrita em celular também desestimula longos e profundos debates.
Já nos Facebooks não há fronteiras.
Nós acabamos trocando ideias com pessoas que raramente encontramos, com amigos dos amigos de amigos e não precisamos sintetizar ou medir nossas palavras.
Essa é uma fórmula eficaz para reações nucleares em cadeia. Como em bombas mesmo.
Por um lado acho que temos que superar essa fase, temos que aprender que há diferentes opiniões e que devemos respeitá-las, que precisamos aprender a controlar nossas emoções para sermos capazes nos comunicar eficientemente.
Gente preconceituosa precisa aprender que não pode sair por ai impunemente falando da inferioridade ou anormalidade do sexo, costumes, etnia ou gênero dos outros. Preconceito, em qualquer contexto, é deplorável.
No entanto será produtivo fazer isso no FB? No G+ (que por ora é tranquilo, mas não vejo por que não se tornaria igual) ou em outras redes com essas características: conexão que alcança vários níveis, facilidade de acompanhar diálogos e sem limite de espaço para escrever?
Levando em consideração que a paixão excessiva é um eufemismo para fanatismo (e radicalismo) e o fanático é refratário a considerações lógicas, fatos, evidências e bom senso desconfio que não, que é improdutivo debater no FB.
Na verdade esse artigo vai ficar com o título “Mensagem aos amigos online”, mas na verdade é uma reflexão sobre como devo me comportar e uma busca pela melhor estratégia.
Ignorar os fanáticos e nos limitarmos a expor nossas razões?
- Bloquear os fanáticos facilitando que vivam uma ilusão de que todos concordam com eles?
- Abandonar a própria rede e ser mais produtivo?
Ainda não sei, mas desconfio que estou usando “errado” as redes sociais online da mesma forma que as pessoas que mantém aqueles amigos “reais” (offline) que não não deviam.
Essa é uma ideia em construção…
Imagem: Globo Rural