Um amigo me passou esse vídeo pelo FB com o título Atriz chora com programa de rádio que criticou pais gays.
O amigo disse que chorou. Também chorei, afinal quem tem o mínimo de empatia se coloca no lugar dessa menina e sofre com ela.
Logo em seguida vem a raiva dessas pessoas cheias de ódio que querem condenar tudo sem se importar com os sofrimentos e mortes que causam (e leis como o estatuto do nascituro causarão mais mortes ainda, mas esse é outro assunto) enquanto impõe seus conceitos pessoais de moral aos outros.
O nosso foco, por nossa natureza, fica no vilão que queremos deter, mas prefiro me virar para o outro lado, até porque talvez a única forma de deter os vilões seja com a força de heróis e heroínas.
Me lembro de uma menina de uns 13 anos que foi processada por manter um site com fanfics de Harry Potter. Na época também chorei e pensei que ou estavam matando uma futura escritora ou forçando o amadurecimento de uma heroína. Anos depois encontrei a mesma menina, já com seus 25 anos, sentada ao lado do famoso Henry Jenkins em um evento fechado: tinha surgido uma guerreira.
É claro que não estou dizendo que é bom que as pessoas sejam postas para sofrer, mas sim que é isso que devemos dizer a elas quando forem forçadas a passar por isso.
Quando a maldade do mundo nos alcança tem uma coisa que não podemos fazer: aceitá-la. Nós não somos os errados por ter empatia, por respeitar e até admirar estilos de vida que não combinam com os nossos.
O errado é tentar interferir na vida de qualquer outro em coisas que não afetam as nossas vidas e, não, incomodar meus olhos ou minha moral não é um defeito dos outros que afeta a minha vida, é um defeito meu! E acredite, estou longe de ser santo ou qualquer coisa assim e tem coisas que me causam profundo incômodo como o fundamentalismo religioso que, no entanto, é uma forma de vida perfeitamente válida e saudável enquanto se aplica apenas a nós mesmos. Minha razão me mostra isso, minha emoção me faz sentir rejeição, mas a controlo pois são inúmeras as vezes que as nossas emoções estão erradas, simplesmente erradas.
O que podemos fazer quando a maldade do mundo invade nossas vidas varia entre ignorar, combater, tentar compreender para curar, expor sua real natureza (mostrar que é ódio e não amor que está ali), iluminar com a razão e certamente há outras formas.
Não precisamos virar heróis e tenho certeza que os amigos e pais da Karolina (que até onde vi são pessoas sábias) a ajudarão a escolher seu caminho, mas não me surpreenderei se a encontrar em alguns anos brilhando entre outras heroínas e heróis!