Nós humanos somos feitos de ideias que viajam em corpos de carbono e genes.

Escutamos as palavras, deciframos a dança dos movimentos e os significados ocultos dos costumes.

De toda forma tentamos ser um só, uma unidade.

Ao ver um rosto pela primeira vez, ao escutar um “Oi! Muito prazer!” de um novo amigo normalmente partilhamos o que há de mais essencial em nós: fraternidade… Salvo, claro, quando vem algum preconceito antes por causa dos códigos dos gestos ou costumes que não entendemos; como uma burca, o jeito de andar, uma minissaia, uma tatuagem…

Estivemos até hoje afastados uns dos outros. Inventamos palavras, roupas, crenças e uma infinidade de outros memes que nos ajudam a conviver com as cidades, florestas, ilhas ou oásis onde vivemos.

Então nossa essência foi mais forte! Fomos separados quando Pangeia se dividiu [isso é metafórico, tá?] , mas aprendemos a cavalgar, inventamos carroças, carros, aviões e foguetes, fomos até a Lua para ver como estávamos próximos uns dos outros!

Infelizmente dezenas de milhares de anos tinham passado e tornou-se tão difícil ver alguém igual por baixo de todos aqueles costumes diferentes que chegaram a fazer julgamentos para decidir se índios ou negros eram mesmo humanos!

Ah! Mas o poder na nossa essência… o grito da nossa consciência é ainda mais poderoso que nosso medo e nossa ignorância. Então criamos novos veículos!

Agora não viajamos mais pela Terra, viajamos pelas ideias! Criamos carruagens, automóveis e foguetes que transportam nossos pensamentos! Nossos memes e toda cultura, costumes e crenças que eles articulam!

Rádio, cinema, jornais e televisão são esses novos veículos que nos trouxeram até aqui, mas não eram nossa voz pois só podiam transportar uns poucos de cada vez transformando a maioria de nós em espectadores passivos. Então criamos um novo mundo real onde absolutamente todos podem falar e ser ouvidos!

A Internet é o pequeno mastro de uma nave que vemos no horizonte e vai crescendo conforme nos aproximamos. A cada dia vemos um pouco mais do que está por vir: hiperdemocracia, uma nova mídia, outras estruturas de governo onde cada um tem sua voz, uma era onde o conhecimento, a criatividade e a consciência são o maior patrimônio…

Em 2008 finalmente entendemos que a Internet é uma rede de pessoas. Sites são pessoas que compartilham suas vozes!

Aqui e ali pipocam “desconferências” que descobrem e ajudam a descobrir um novo mundo onde finalmente veremos de perto que nossas diferenças são tesouros da nossa criatividade e não coisas a serem toleradas!

Em 2008 eventos como ted.com, Descolagem, Sou + Web, Blogcamps, Manhãs Digitais e tantos outros finalmente começaram a convergir trazendo antídotos para a o medo das diferenças e alimento para o êxtase diante da nossa diversidade!

Agora estamos nos momentos finais do ciclo artificial de 2008 quando normalmente as pessoas fogem da realidade para beber, comer e festejar… Pois meus votos são que em 2009, assim como em 2008, cada vez mais aprendamos a apreciar diariamente os ciclos naturais dos solstícios, equinócios e, principalmente, das transformações da nossa consciência!