Uma das coisas que torna o nosso mundo complicado é sua mania de se permitir descrever conforme uma infinidade de ângulos, facetas e de abordagens. Um problema!
Podemos tentar descrever a realidade à partir de uma ótica religiosa, política, comportamental, sociológica… e tudo se enrolou ainda mais quando passamos a tentar descrevê-lo comparando-o com o campo de futebol, histórias em quadrinhos ou filmes como Guerra nas Estrelas.
Até que faz sentido afinal tudo que é criado em uma realidade qualquer tem que ficar impregnado com suas características; então olhando para uma coisa dos humanos a gente acaba entendendo eles próprios, os humanos. Bem, pelo menos dá para entender um pouquinho.
Pois então, olhando por um certo lado, eu diria que tem gente que vive um tipo de síndrome do messias. E vou desde já confessando que sofro desse mal!
Consola-me apenas a certeza de que essa é uma neurose comum, quase onipresente.
Lembre-se das rodas de papos ao redor das mesas de restaurantes e dos papos sobre política, cultura e religião. Lembrou? Em todos eles não faltam os visionários que apontam apaixonadamente tudo que está errado no mundo e deixam claro nas suas entrelinhas que acreditam que, se tivessem acesso ao poder, consertariam o planeta num estalar de dedos.
Não é verdade, não é tão simples. O mundo não se faz pela visão de um único salvador visionário, mesmo que ele esteja certíssimo. O mundo se faz através do senso comum e não adianta sonhar com saltos quânticos pois não é possível transformar uma civilização por decreto. Nem mesmo é desejável que isso possa ser feito.
Espiando os posts dos últimos meses aqui deste blog você perceberá a quantidade de esforços infantis de compartilhar as minhas certezas, o mesmo ocorria com os boletins culturais semanais. Decidi dedicar-me ao saudável exercício da humildade e continuar a registrar por ai os meus pontos de vista, mas abandonar essa vocação de messias: o mundo sempre segue o seu curso natural e no final desemboca no mar a despeito dos nossos temores apocalípticos.