“Qual é a solução para essa violência toda, gente?”
Taí uma pergunta que marca presença em quase todo papo entre amigos que dure o bastante. Vencidos os assuntos iniciais esse tipo de preocupação aparece.
Hoje aprendi uma resposta que vou usar na próxima oportunidade!
A gente estava caminhando pela praia depois de tomar café e vimos um grupo grande diante de um palanque improvisado onde dois pares de mãos vermelhas dançavam.
É isso mesmo, esse não é mais um dos meus devaneios. No alto da estação de tratamento de água usada como palanque provisório estavam estas duas moças com luvas vermelho-radioativo que deslizavam pelo ar como dançarinas contemporâneas.
Conforme nos aproximávamos ficávamos mais cativados pelo carisma das mãos que fluíam pelos braços fazendo o corpo e as expressões dançarem a mesma música silenciosa.
A propósito devia ser o trecho mais silencioso da praia de Copacabana embora fosse um dos mais animados cheio de mãos que dançavam. Tinha as vermelhas lá no alto e dezenas de pares na rua respondendo à coreografia das duas.
Era uma concentração de surdo-mudos para divulgar o dia do Surdo (26 de setembro) e talvez para combinar alguns detalhes. Não tenho como saber já que não entendia as palavras daqueles dedos agitados.
Foi então que me ocorreu.
Lá estavam aquelas pessoas conversando pelos cotovelos sem produzir qualquer ruído, mas não era só isso: elas escutavam! Enquanto um par de mãos falava os pares de olhos ouviam atentamente. E se há uma coisa que nos falta hoje é escutar.
Da próxima vez que me perguntarem direi que o segredo para desenvolver a paz é escutar como os surdos…