Nem ia falar sobre isso agora (estou de saída para o trabalho) pois tem coisas que são difíceis de explicar e nenhuma é mais difícil do que um estado de espírito. Na verdade é meio impossível, então decidi falar logo pois quanto mais pensar pior.

Nos últimos, sei lá, 13 meses, tenho me sentido com todo o peso do mundo nos ombros. Sinto o pesar e a responsabilidade por um mundo doente que, não bastasse a violência da política corrupta e da miséria, sofre ainda mais pelo pessimismo patológico que contamina nossa espécie nesse fim de milênio (não posso crer que o milênio das guerras tenha terminado).

Acontece que no sábado tudo mudou. Pouco antes de ir para o chopp onde até bebi uma limaroska (quase nunca bebo coisa alcoólicas).

Estava aconchegado na Coelha olhando para o sol do outro lado da janela e de repente era como se tivesse atravessado um guarda-roupas de Lewis e estivesse no Bairro Peixoto da década de 70.

Não foi algo totalmente inesperado, faz algum tempo que estou tentando me afastar do pessimismo geral, mas foi surpreendente.

Só posso dizer que é maravilhoso não sentir mais o peso do mundo nos ombros, dá até mais ânimo para fazer uma diferença positiva.