Um dia voltava de Cabo-Frio no banco de trás do carro dos meus pais. Nos meus 12 anos era todo sério e me achava adulto.
Curtia o vento que vinha forte contra o meu rosto, ainda era dia, mas a luz era suave. Perla soltava a voz das caixas de som cantando uma música que falava algo sobre senso de união, ou pelo menos é o que me inspirava. As lágrimas corriam geladas pelo meu rosto enquanto os golpes de ar as jogavam para longe. Filho de militar e da classe média da década de 60 já me sentia sozinho em minhas preocupações precoces com o meio ambiente e a injustiça social…
Hoje termina a semana Desligue a TV sem que a maioria das pessoas tenha ouvido falar nela. Creio que quase todos nós nos incomodamos com a TV moderna e gostaríamos que ela fosse melhor, mais culta, mais diversificada, mais democrática. No entanto talvez não nos incomodemos tanto a ponto de gastar mais do que algumas críticas impensadas no meio de uma conversa aqui ou ali.
Andamos assim… Talvez assim ande a humanidade: só nos movemos mesmo quando estamos muito, mas muito incomodados mesmo, perdendo um braço, quem sabe?
Não seria melhor nos ligarmos um pouquinho de cada vez? Uma horinha por dia, que tal?