Ainda há pouco dei uma parada para rever “Culpado por suspeita” um filme com o Robert De Niro e Martin Scorsese.

O filme é sobre a grande caça aos comunistas em Hollywood no final da década de 40. Entre eles o roteirista de Spartacus que teve que passar a trabalhar sob pseudônimo. Negros Obscuros dias do Mcartismo.

Mais de 50 anos se passaram e hoje somos livres para falar, ao menos no Brasil.

Vou ter que abrir umas aspas aqui…

” (aspas)

Não posso e nem desejo falar sobre o que se pode e não se pode falar nos EUA. Não desejo porque me preocupo mais com a gente aqui no Brasil e não posso porque não estou lá para formar uma opinião!

Por outro lado posso e desejo falar sobre a gente…

Somos livres para falar sim, não somos ameaçados com a perda de empregos ou de posses, mas temos nossos grilhões.

Enquanto o radicalismo religioso vai crescendo de um lado (já vi até artigo de padre afirmando que o filme Dogma era satânico) o jornalismo falha do outro e brinca com a opinião pública por cinismo ou por incompetência, mais provavelmente pelo segundo.

” (fim de aspas)

Graças aos deuses somos livres para nos informar e para formar nossa opinião e isso é precioso no momento em que o país entra em seu primeiro governo de esquerda em décadas, enfrenta os desafios das desigualdades sociais e do equilíbrio entre crescimento econômico e desenvolvimento.

Sim, afinal crescimento econômico e desenvolvimento não são sinônimos, nem mesmo estão necessariamente relacionados.

Minha opinião é que temos um desafio a vencer maior do que todos estes: conscientização e unidade social.

Conscientização para entender que cada um de nós é responsável, veja bem, responsável não é culpado! Responsabilidade é a consciência de que temos a nossa parcela de trabalho no sentido de cobrar dos políticos, informar os menos informados e observar criticamente o nosso tempo, principalmente a mídia que molda nossa percepção da realidade.

Unidade social para entender que não pode haver dois, três, quatro, mil Brasis! Quero dizer, o garoto de rua que fica entre a miséria e o engajamento no crime organizado é tão brasileiro quanto qualquer um de nós, mesmo que ele mate outros brasileiros…

Decidi escrever tudo isso pois o crescimento econômico tem o perigoso efeito colateral de tornar, justo a classe formadora de opinião, alienada e hedonista (no mau sentido) colocando em risco a mobilização social em torno da cidadania.

Bah! No final das contas este é um assunto longo demais para um blog, bom, fica aqui a ideia registrada, quem sabe um dia não descubro um jeito de resumir isso ou de escrever logo um grande artigo?