Cidadania virou moda! É panelada para cá, vestir preto para lá e passeata virtual para acolá, Tudo virtual, tudo pela moda.

Tenho uma grande amiga, de mente ágil e opiniões quase tão ácidas quanto coerentes, embora estejam normalmente indo contra as correntes. Ainda bem, as correntes costumam ser burras e alienadas.

Alguns meses atrás ela veio comentar comigo as pessoas que compravam pulseirinhas de silicone, compravam em camelô mesmo que era mais barato. O importante era ter, como todos, uma faixa amarela no pulso que dizia que se preocupava com o câncer ou com o trabalho escravo, não lembro mais, e nem as pessoas que usavam as malfadadas pulseirinhas.

— Arrrgh! Que raiva este pessoal que faz tudo só porque é moda! — Era o que ela dizia entre dentes e balançando os frágeis punhos cerrados.

Ela tinha razão, e creio que continua tendo razão agora que o Instituto Ronald McDonald lançou sua pulseira vermelha contra o câncer.

Assim como as caminhadas virtuais estes atos de solidariedade acabam sendo um instrumento de conforto para uma elite econômica que mingua à margem da cultura e da era do conhecimento. Somente com ação, participação social efetiva, cultura e senso crítico encontraremos instrumentos para mudar os nossos rumos preservando o que há de bom neles.