O passado se estica sobre o presente no testemunho mudo das antigas construções. Passamos por elas muitas vezes sem perceber, sem dedicar alguns segundos de reflexão para comparar suas linhas imprevisíveis com os ângulos retos da vida moderna.

Acredito ser um erro viver no passado elogiando sua opulência e inocência, pois elas são as sementes de tudo o que temos de bom e ruim hoje, mas certamente esquecemos de preservar alguma coisa boa do passado, sempre esquecemos.

A vida se torna cada vez mais rápida, cada vez menos prosaica e mais fria conforme amadurecemos. A magia e o calor da infância em geral se perdem quando mergulhamos nas malhas do trabalho cotidiano e das responsabilidades. O mesmo parece vir acontecendo com nossa civilização… Ela está saindo da adolescência e já demonstra como sente falta dos anos dourados.

As redes plásticas de proteção cercam os andaimes que vestem o Castelinho do Flamengo com uma nova pele, em breve ele poderá brilhar mais uma vez como uma boa memória do passado. Em seu interior já se instalam as vozes dissonantes dos tempos modernos, uma exposição de vídeo que faz o contraste entre o futuro e o passado…