Faz meses que vejo faixas em apartamentos chiques no Leblon ou em Ipanema, adesivos em carros e parece que para todo lugar que olho há esse berro sem sentido:

Basta!!

Olhava sem saber o que era, só percebia que o berro geralmente vinha do que talvez possa ser chamado de elite econômica do Rio e que parecia um grito desesperado de vingança.

Não curto vingança… Ela sempre sugere um opressor e um oprimido, ou talvez um oprimido que se vinga do opressor. Mas como disse, não sabia se era basta para o governo Lula, para o preço alto dos cosméticos tão importantes para um dos países que mais os consome no mundo ou se era um basta para o incômodo dos miseráveis que andam pelas ruas.

Pelo jeito era contra os miseráveis… Pelo menos é o que parece ao dar a primeira olhada no site do movimento Basta-já! (morreu) que acabo de achar depois.

Talvez alguém venha me acusar de criar uma atmosfera romântica em torno dos miseráveis que optam pela violência e se tornam criminosos, mas, acredite, não vejo nada de romântico nisso! Só preciso insistir que não há como garantir segurança em uma sociedade (e nem me refiro apenas ao Brasil) que parece multiplicar legiões de miseráveis que vivem entre a miséria, os sonhos do consumismo, a impossibilidade de obter um emprego digno e a sedução do dinheiro fácil no crime.

É claro que há “criminosos sem causa” e estes devem ser presos, só que não são eles que incomodam e sim os pivetes na rua e os soldados do tráfico nos morros (que tem migrado para o asfalto).

Olhar para isso, gritar Basta-já! e exigir que o peso do punho da repressão recaia sobre eles é o mesmo que esmagar cupins sem procurar a sua colônia e a colônia da violência com certeza é a desigualdade social, o culto à fama e o consumismo voraz.

Em todo o caso ainda não naveguei pela sessão de ideias do site do Basta-já! e talvez esteja falando besteiras! Passe lá e julgue conforme o seu discernimento!

(atualizando em 2019: era uma bosta mesmo)