Imagem: foto minha das obras expostas

Esse é um post sobre um evento efêmero, a exposição das obras de Felipe Manhãs no restaurante Ruanita até o início de fevereiro próximo (2019).

Nos primórdios dos blogs fazia-se muito isso, agora migrou-se para Twitter e Facebook, essas paragens mais voláteis, no entanto decidi voltar a comentar alguns eventos temporários aqui no blog, afinal os eventos podem terminar, mas a arte permanece, a necessidade da arte permanece.

As impressões que a arte nos deixou quando a vimos, quando trocamos uma ideia com o artista, também precisam ser registradas. Tudo isso pode ajudar a enriquecer a Internet.

Se você chegou a esse post depois do fim da exposição pode passar no perfil @Fil_Manhaes no Instagram para ver o que ele anda fazendo além de várias das obras que estão expostas

Felipe Manhães é arquiteto e a arte é uma das suas atividades.

De acordo com ele esse projeto começou com a intenção de ser um exercício, para “soltar a mão”. É um belo exercício na minha opinião.

Nem sempre a arte precisa ter um significado, muitas vezes é melhor que não tenha e, assim, possa ser ressignificada mais livremente com o passar do tempo.

Claro que podemos trazê-la para a nossa experiência. Vejo, por exemplo, reflexos de uma sociedade em transição entre o esquemático e o orgânico, entre o rígido e o fluido. Muitas delas tem traços bem finos e outros muito pesados, mas não há caos, não vejo desequilíbrio, muito embora esse seja um sentimento presente para muita gente, o caos.

O que as formas representam? Prédios? Naves espaciais? Animais? Pessoalmente acho que são devaneios (preferi não perguntar ao artista e poder inventar mais significados para elas), formas que vão fugindo do inconsciente enquanto o artista “solta a mão” que, desconfio, também é soltar a mente criativa.

Mas essas são reflexões minhas enquanto observo o conjunto das obras expostas. Elas podem ter outras razões, você que está lendo esse post pode encontrar muitas outras e, alguém vendo as mesmas obras em um futuro mais distante terá a vantagem de conhecer os desdobramentos culturais desse período histórico e pode perceber o que o próprio artista não sabia que estava vendo.

Também decidi escrever sobre a exposição para mencionar um fenômeno que sempre ocorreu, mas espero que aconteça mais e sempre merece elogios: lugares públicos que expõe arte, inclusive se colocando como pondo de distribuição dela; é possível comprar as obras expostas. Por isso aqui vem uma propaganda gratuita para a Ruanita, localizada na rua Anita Garibaldi, númeor 60. Rua, aliás, que é homenagem a uma revolucionária que participou tanto da libertação do Brasil do império, quanto da unificação da Itália. É propício lembrar dela nesse momento histórico no Brasil.

O ambiente é pequeno, mas justamente por isso muito aconchegante, e as bebidas e comidas são excelentes. É ótimo quando qualidades se reúnem, arte e bom serviço.

Rua Anita Garibaldi, 50 – Copacabana

Para concluir volto ao artista para deixar a descrição dele para o próprio trabalho:

Felipe Manhães é arquiteto formato pela FAU-UFRJ, onde o contato com a Escola de Belas Artes reforçou sua inclinação artística.

Em “Elementos 2D” são apresentadas estruturas abstratas que se conectam numa figura única, como em complexos esquemas industriais, dotados de algumas características semelhantes entre si, mas que mantém sua individualidade.

Os desenhos foram feitos à mão, sem instrumento, utilizando canetas Uni-pin, Copic Multiliner e Bic permanente sobre papel reciclado, oriundo de embalagens descartadas.

Fonte: descrição do evento no Facebook

Ah! Para quem faz questão de encontrar formas na arte, a obra no canto inferior direito lembra a Graúna do Henfil, não acha? Outra lembrança bem adequada para o momento político que vivemos, vamos precisar da crítica certeira de bons cartunistas!

Se temos voz, temos como nos opor e resistir