Reduzindo os estímulos…

Ao redor toca uma televisão. Toca pois está fora do meu campo de visão e está sintonizada em clipes.

A música era irritante e a próxima provavelmente traria novidades, não quero novidades. Quero o descanso do som familiar, então ativei meus fones e escolhi uma banda a que estou acostumado.

Ao redor pessoas conversam. Frequentemente falam sobre como o povo é idiota útil, destilam seus preconceitos, expõe suas alienações políticas, históricas, sociais… Estou em uma região rica, de gente rica. Também não quero essas novidades, o imprevisível do próximo diálogo. Mesmo que seja um com o qual eu me sinta à vontade. Os fones me isolam dentro do espaço conhecido de Logical Song do Supertramp.

Estou cansado… Estar atento cansa! A explosão de cores e detalhes do mundo que temos que observar para tentar entender onde estamos cansa…

Pior ainda! O cansaço sobrecarrega nossa percepção, nossa razão.

Quero o conforto do mundo em preto e branco, da simplicidade do claro e do escuro, sem subtramas, sem personagens complexos que podemos amar em um momento, odiar no próximo. Que podemos achar que entendemos apenas para ver em seguida que vemos por lentes diferentes.

Quero um pouco de paz, quero o mundo parado por um instante.

Sim! Eu sei… Eu sei… Ele não sabe que existo e segue girando cada vez mais rápido e minha dificuldade de entender como um planeta pode ser uma esfera não o achatará. Apenas eu me tornarei uma bolacha.

No entanto não é muito que peço, apenas um momento de suspensão, umas poucas dezenas de minutos durante as quais eu possa esquecer das cores por um instante, repousar os sentidos, dormir por um piscar de olhos.