Imagem: Família de imigrantes olhando NY da ilha Ellis (1925)

Vivemos um período de tormentas, tempos de cansaço que nos afastam do que é trabalhoso, nós até procuramos histórias que nos conectem à realidade, mas nos falta energia para o estresse de buscá-las na arte, em textos com uma estrutura complexa.

Era assim que eu pretendia começar esse post, afinal O Grande Gatsby de Scott Fitzgerald é considerado, com razão, uma dessas obras de literatura arte que vai além de apenas nos trazer uma trama emocionante, rica, inesperada ou emocionante. É uma obra que nos surpreende também pela linha narrativa e pelo próprio uso da palavra.

No entanto percebi que isso não é justo e é bem provável que as pessoas estejam mais dispostas a se expor a arte do que no passado, inclusive em 1925 quando O Grande Gatsby foi publicado.

Por outro lado nem sempre estamos “na vibe” de uma leitura mais artística que nos desafie com a própria forma, logo deixo aqui o aviso que esse livro é melhor aproveitado se estamos com disposição para ir além da história.

Julgando pelo que ouvi falar da obra até hoje receio que muita gente perca alguns dos aspectos mais interessantes ao se fixar apenas no primeiro plano da trama e das personagens.

Minha primeira surpresa veio apenas no meio do livro, até lá vi apenas um texto bem trabalhado e personagens cativantes. Na segunda metade vamos percebendo camadas e mais camadas nas personalidades, no entanto muito disso está lá sem ser escrito claramente, está nas lacunas, está no significado das transformações bruscas das personalidades que achávamos que havíamos compreendido.

Veja bem, não pense que se trata de uma história em aberto, tudo fica muito claro se nos satisfazemos com nossos estereótipos e as expectativas que eles produzem, mas se insistirmos em explorar mais profundamente as personagens nos descobrimos diante de uma história capaz de se desdobrar em significados a cada nova reflexão.

E, finalmente, está de parabéns a equipe editorial:

Tradução: Alice Klesck
Preparação de textos: Márcia Duarte
Revisão: Carolina Costa