Me fizeram o desafio no FB: Uma poesia por dia, por quatro dias.

Como sempre, decidi fazer diferente.
Um post por dia, uma famosa, uma da gente

Ok, desculpem pela rima pobre, pelo recurso desesperado que hoje vemos tanto, de escritores que inserem uma palavra estranha aqui, falam como o Yoda ali, achando que isso “vai estar fazendo” seus textos parecerem mais cultos.

Segue Cruz e Sousa. Um poeta negro do fim do século XIX. Na época certamente algum racista arrancou seu nome do lodo onde a maioria dos negros era mantido e apontou que “não há racismo, olhe como Cruz e Sousa foi capaz de se destacar em uma alta arte”.

Beleza Morta

Cruz e Souza

De leve, louro e enlanguescido heliantho
Tens a flórea dolencia contristada…
Ha no teu riso amargo um certo encanto
De antiga formosura desthronada.

No corpo, de um lethargico quebranto,
Corpo de essência fina, delicada,
Sente-se ainda o harmonioso canto
Da carne virginal, clara e rosada.


Sente-se o canto errante, as harmonias
Quasi apagadas, vagas, fugidias
E uns restos de clarão de Estrella accêsa…

Corno que ainda os derradeiros haustos
De opulências, de pompas e de faustos,
As relíquias saudosas da belleza.

Você encontra as obras de Cruz e Sousa no site Domínio Público.

Essa é minha, aos 18 anos.

Rir

Roney Belhassof

Sorrir! Rir
À toa, os olhos no teto,
Pés nas costas da porta
Alegre.

Do outro lado; portas
Tristes, senhoras.

Outra porta abre,
Da minha vertem
Lágrimas tristes de amor.
Um amigo, companheiro,
Irmão.

Dos impulsos frios, elétricos,
Flui a voz que abre a porta,
Se confunde comigo,
Fundimos,
Alegres lágrimas de felicidade.

Os impulsos frios, mensageiros
Do canto quente do enorme sol,
Amor que abre em mim,
Eleva minha alma além da dor.
Felicidade invencível me força,
Rir, só rir, rir.