Explicação necessária

Todo sábado escrevo um conto, mas dessa vez, na véspera Leonard Nimoy morreu. Fui emocionalmente obrigado a fazer uma crônica sobre a importância dele na minha personalidade.

O Conto A Crônica

O almoço numa cidade grande moderna frequentemente fica para o meio da tarde e lá estou em no quarto piso do shopping com minha esposa e uma grande amiga por volta das 15h. Nossa comida nem chegou ainda.

“Oh! O Nimoy morreu…”

Era a voz suave, tranquila, mas genuinamente triste da amiga sentada ao meu lado. Eu já sabia, quer dizer, já temia pois tinha lido poucos dias antes que havia sido internado e, acompanhando-o no Twitter sabia do câncer fruto de décadas fumando. Ele se tornou um ativista anti-tabagismo entre outras coisas. Nunca ouvi uma crítica a ele como amigo, cidadão, artista…

O primeiro ator que encarna um herói em nossa infância e nos decepciona conforme descobrimos o humano que ele é, para muitos, é o próprio pai ou mãe. No meu caso foi o pai. Minha mãe me ensinou a ler e a amar ler. Com isso me entregou o Universo inteiro! Meu pai era apenas o macho normal, orgulhoso e rápido em desvalorizar os outros para exaltar os próprios valores.

Eu tinha uns cinco anos quando me recusei a comer por quase uma semana enquanto meu pai fazia um curso no exterior. Estava deprimido com a ausência do meu herói.

Mas não penso em nada disso quando ouço a notícia… Somente sinto a garganta fechar daquele jeito que, se tentamos falar alguma, coisa explodimos em soluços e lágrimas.

Minha esposa estica a mão para mim e as lágrimas correm… A amiga ao lado fala que me entende perfeitamente. E tem gente que entende perfeitamente mesmo, ela é uma dessas pessoas e a voz dela ao meu lado é como um abraço. Me sinto envolvido em um casulo de segurança. As lágrimas correm.

A amiga e a esposa não sofrem tanto. Sofrem, é claro, quem algum dia teve uma notícia ruim sobre Leonard Nimoy? É claro que não devia ser perfeito, era vulcano, digo, era humano como todos nós, mas ele soube dar muito mais valor ao carinho que tinha pela existência e pelas outras pessoas que aos seus humores, ações ou ideias menos agradáveis.

Chego a abrir a boca para tentar explicar um homem de 50 anos com lágrimas correndo sem controle pelo rosto, mas a voz não vem, no lugar dela, mais lágrimas.

Do meu lado a amiga, bichinha sábia, entende que o melhor é me estender uma ponte para outros pensamentos. Lê e mostra umas coisas fofas no celular… É bom! Quantas vezes fiz isso para não me embolar nos meus sentimentos?

Uma infância solitária não é incomum. Eu tinha uns dois amigos de cada vez e, na maior parte dela, dos onze aos dezesseis, foram os mesmos dois amigos. Aos dezoito veio a moça que está à minha frente com o olhar compassivo e dedos entrelaçados nos meus.

É claro que eu conhecia muitas pessoas quando era criança, colegas de escola, mas me sentia um alienígena. Poucos gostavam de ler e eu lia para viver outros mundos, outras vidas para que a minha realidade não fosse uma prisão.

Dizendo assim até parece que vivi em um dos piores lares da história, não… Nada disso. Sempre percebi que o meu lar não era muito diferente dos outros. Todo mundo tinha um pai, uma mãe ou alguma autoridade próxima que era perversa.

Teve até uma amiga que, aos quatorze ou quinze anos, talvez antes, se separou dos pais e foi morar com os avós, ela fez isso por vontade própria e levou o caso à justiça. Ela provavelmente nunca soube como foi importante para mim, para me mostrar que há saídas…

O Leonard Nimoy nem soube que eu existi, mas tenho certeza que soube que muitos como eu foram tocados por ele.

A adolescência é uma fase difícil, as emoções se embolam e incham como uma experiência de química alagando nossa mente e transbordando pelo corpo todo. A gente quer morrer, quer matar e tudo entre um e outro.

Eu nem lembro da primeira vez que vi Jornada nas Estrelas e nem quando o Spock virou o meu primeiro modelo paterno depois que me decepcionei com meu pai. Deve ter sido em algum ponto por volta dos onze anos.

Lembro que voltava do Sacré-Cuer de Marie para casa em passo acelerado, ansioso para ver o episódio de Jornada nas Estrelas do dia.

Na época a TV não tinha regras. A gente podia ver um episódio da primeira temporada hoje e outro da segunda amanhã, mas isso não importava, o que importava era passar algum tempo sonhando com aquelas pessoas que exploravam o Universo, que não tinham que lidar com pais, colégio e timidez com os colegas.

Acabamos nosso almoço. De vez em quando as lágrimas voltam e não faço o menor esforço para ser como o Spock. Aprendi com ele que tem emoções que valem a pena viver, que nos tornam melhores, que nos ajudam a entender a dimensão das coisas. Spock era um dos amigos mais fieis e delicados que eu conheci na TV ou em livros… Sim, eu lembro de Sam e Frodo até porque é impossível mergulhar nas memórias do Nimoy sem lembrar da balada para Bilbo Bagins.

Saímos pelo shopping e a amiga encontra com amigos (é uma amiga que tem muitos amigos) e fico me perguntando se eles percebem que minha cara está vermelha, aliás nem tenho certeza de que meus olhos estão entregando minhas emoções, mas prefiro não tentar explicar para não correr o risco de ser tomado de assalto por mais lágrimas.

Alguns minutos depois consigo explicar para a amiga como o Spock foi importante na minha infância, como eu tinha que aprender a lidar com as minhas emoções ou me tornaria uma dessas crianças problemáticas e um adulto insensível.

Pode ser diferente para alguns, mas para mim ele era um exemplo da necessidade de equilibrar razão e emoção, de procurar entender os nossos sentimentos. Nunca achei que era vulcano, sempre soube que eu era humano e não seria controlado como o meu herói, mas pelo menos podia me mirar nele para não ser um escravo dos meus sentimentos.

Quantas tardes alaranjadas eu passei trancado no quarto tentando lidar com as emoções enquanto meu pai berrava com a minha mãe no quarto ao lado?

Era um apartamento de dois quartos e uma sala quase pequenos, ouvia-se tudo, quer dizer, mal escutava minha mãe que falava baixo tentando me poupar das brigas.

Algumas vezes ela vinha ao meu quarto depois, me fazia carinho, mas eu sentia que era ela que precisava de uma fuga da vida que tinha.

Outras vezes era meu pai que aparecia como uma sombra vingadora, mas acho que isso é apenas a minha memória pregando peças e ele talvez apenas me desejasse boa noite.

Eu não pensava no Spock como um pai, era mais um tipo de herói que eu sabia que era inventado. Nem imaginava qual era o nome do ator que vivia o vulcano que me ajudou a atravessar todas as fases difíceis da minha vida até bem depois do fim da minha adolescência.Hoje, já beirando os cinquenta anos, é diferente, o papel dele ficou naquela fase.

Já o Nimoy não… Foi só depois da Internet que reencontrei essa outra dimensão do herói da infância. Onde estaria o Spock? Li um artigo sobre ele e os outros. Eu tinha uns vinte e poucos anos e passei a acompanhar o que eles faziam.

Como foi bom perceber que muitos daqueles atores tiveram o cuidado de continuar a ser bons exemplos para as pessoas. Bem… Eles passaram por dificuldades, não é? A estigmatização em seus personagens de Jornada nas Estrelas, a dificuldade em achar novos papéis. Não deve ter sido fácil, deve ter sido um exercício de humildade.

Continuamos nosso roteiro pelo shopping, compramos roupas, um ovo de páscoa “stormtrooper” de surpresa para a amiga, vimos “roteiro do city tour” traduzido como “writing of city tour” na vitrine de uma agência de viagens e rimos muito, mas os ecos das memórias disparados pela perda do Nimoy passavam como sombras atrás dos meus pensamentos. Continuam ecoando e, conforme escrevo, lembro de momentos em que o Spock me acompanhava.

Uma vez, em uma festa… um show? Eu não tinha mais de quatorze anos. Foi a fase que eu achava que era o Observador. Um ser mais antigo que o Universo que observava as pessoas sem se envolver. Sem emoções. Era um modelo bem pior para um adolescente, o Spock não ficaria indiferente diante das necessidades dos outros.

Os meus colegas mergulhavam na festa, inclusive a menina que eu estava a fim, e nem imagino mais quem era ela, perdida nas névoas que vão se instalando em nossas memórias ao longo de décadas, bem, todos se entregavam felizes às emoções. Eu também gostaria de fazer o mesmo, mas tinha medo de me entregar a umas e me entregar também às outras como raiva, medo… Preferia observar.

Muita gente se distancia assim dos outros, cria barreiras achando que vai fugir dos ferimentos emocionais, chegam ao fim da puberdade sós e acabam se tornando realmente pessoas esquisitas e até perigosas.

Mas aí veio o velhinho chofer que conheci na Colortel (vendia TVs, não existe mais) e que me acompanhava conversando no meu caminho para casa no Bairro Peixoto. Esse aí eu tenho certeza que sou eu vindo do futuro para colocar o jovem de treze anos nos trilhos do convívio social. A gente conversava sobre física. Ele ia para o trabalho eu ia para casa. Um dia ele não apareceu mais.

Depois dele, aos 18 anos, veio a moça tímida que também se defendia do mundo e acabou sendo minha esposa, a mesma que ficou segurando a minha mão há pouco enquanto eu chorava a partida do meu ídolo de infância.

Juntos fomos perdendo o medo de sofrer, descobrindo que a dor de uma amizade torta, por pior que seja, é compensada pelas amizades de verdade que encontramos quando temos a coragem de nos expor ao risco da decepção.

Um dia, já com uns trinta e tantos anos, descobri que o Nimoy tinha cantado a Balada para Bilbo Bagins, uma dessas coisas que hoje chega a nós, mas na minha infância ficava lá pelo país de origem, aliás quem tinha lido Senhor dos Anéis no Brasil?

Quando os filmes foram anunciados a gente descobriu que, pelo jeito, todo mundo tinha lido, né? É incrível como a gente conhecia pouco uns aos outros, éramos ilhas vivendo em pequenos grupos de amigos sem saber que havia góticos de um lado, hippies do outro.

Depois de comprar roupas sentamos num café para um último papo antes de voltar para casa, continuo pensando no Nimoy. A amiga encontra com amigos fortões, seguranças… Eu disse que ela conhece muita gente. Hoje em dia nerds podem conhecer muita gente em vez de viver nas tais ilhas, mas é claro que tem aqueles que ainda preferem viver separados.

Quando eu era criança não tinha muita opção, mas a tripulação da Enterprise era um farol para eu me tornar um adulto sociável, afinal eles buscavam o diálogo e o encontro com todas as mais estranhas criaturas. O Spock, o mais solitário de todos por ser alienígena e lidar com a lógica e as emoções totalmente diferente dos colegas, era o modelo perfeito para o jovem eu.

“Vem para cá! Agora! Quero chorar no seu ombro também”

“Se eu não terminar o freela hoje vou ter que trabalhar no fim de semana :-(“

“Opa! Não queremos vc trabalhando no fim de semana! Era só saudades, ok? Vai trabalhar”

Seria bom ter mais uma amiga ali já que o almoço já estava quase se estendendo para o jantar, mas a verdade é que o pedido foi apenas um gracejo que a gente faz de vez em quando com pessoas com quem nos sentimos seguros para dizer que estamos frágeis.

É bom ter em quem confiar para essas coisas. Todo mundo fica frágil em algum momento e, mesmo que não estejamos partidos por dentro, é bom saber que tem uns abraços esperando por nós.

Quando lemos livros e contos parece que só as vidas com drama, vitórias e superações são histórias que valem ser vividas e um dia comum caminhando e conversando sobre a vida não vale a pena. Será mesmo?

Essa foi uma sexta-feira sem uma trama, não havia um vilão a ser superado, um problema a ser resolvido, só o prazer de boas companhias e uma notícia… triste?

Pessoas morrem. Umas morrem depois de sofrer por muito tempo e isso não é agradável de ver, mas muitas vezes elas lidam melhor com a dor e a morte certa do que a gente lida com as tolices do dia-a-dia e a morte tão distante que parece que nunca virá para nós.

Prefiro não morrer, gosto de imaginar que isso é possível, ou que pelo menos poderia viver umas centenas de anos porque o mundo é todo assim: fascinante.

Ontem também teve a história do vestido branco e dourado que na verdade era preto e azul. Uns só viam de um jeito e outros viam dos dois, cheguei a ver preto e azul por uma fração de segundo e depois meu cérebro voltou à programação normal.

Poucos dias antes teve a Madona caindo durante o show, mas tudo bem, só ficamos sabendo com certeza que ela realmente não faz playback como muitos artistas modernos que são mais atores que cantores.

Também vimos que a Lady Gaga canta. É como a história do vestido… A moça sempre cantou bem, mas o cérebro da gente não conseguia processar a voz dela por causa de pré-conceitos.

E aí morre o Nimoy… Muita gente com certeza está se perguntando “Quem é esse Nimoy que está todo mundo falando na TL?” e os amigos devem estar explicando “O Spock de Jornada nas Estrelas” e ouvindo em resposta “O orelhudo?” ou “Quem??”.

Aparece a foto dos âncoras do Jornal Nacional fazendo o cumprimento vulcano… Vida longa e próspera… É, o personagem foi marcante para muita gente.

O sinal, a propósito, vem de um tipo de liturgia do judaísmo, uma que evoca o aspecto feminino da divindade… Acredita que só descobri isso ao chegar em casa e ver o que estavam falando do Nimoy?

É justo que um dos símbolos mais nerds da história seja uma referência ao aspecto feminino. Tenho tantas amigas nerds…

Agora mesmo vi a foto de uma indo de preto para o trabalho, ela está de luto pelo Nimoy. Quase disse que a roupa não era preta e sim branca e dourada, mas o meu luto pessoal me impediu, apenas sorri sozinho um pouco.

Há lutos e lutos, né? Apesar de ter chorado, das lágrimas voltarem de vez em quando, esse não é um luto triste. Oitenta e três anos ele viveu… Dirigiu filmes, construiu uma carreira como fotógrafo, viveu para ser um exemplo até os seus últimos dias e parece ter enfrentado a morte com coragem.

A gente não fica menor quando enfrenta as coisas sem coragem, que mania de achar que o herói precisa ser inabalável e que todos nós devemos ser heróis. Isso também eu aprendi primeiro com o Spock que tinha que lidar com os conflitos da sua humanidade com sua vulcanidade (ele era mestiço para quem não sabe).

Uma vez teve um tiroteio dentro do cinema onde eu assistia Crocodilo Dundee com aquela mesma namorada dos 18 anos que agora há pouco estava segurando a minha mão.

Era o momento de ser herói!

– Fica abaixada ai, mô, vou ver o que está acontecendo!

Fui… As pernas tremiam, achei que ia cair como uma jaca no chão. Minha mente certamente procurava as lições do Spock, mas não tinha jeito. A sala escura, a dúvida se os tiros tinham parado porque pegaram o atirador ou se ele estava escondido num canto esperando apenas para atirar mais era maior do que qualquer devaneio de ser vulcano. Eu tinha pouco mais de vinte anos.

No final das contas o atirador já havia sido capturado. Ele e outros dois tentaram roubar uma moto na porta do cinema, o dono apareceu, tiros, o pobre pipoqueiro foi atingido (mas já estava lá de novo na semana seguinte), um fugiu para dentro do cinema e os outros dois foram pela rua. Todos presos.

Eu podia ter dito para a namorada com a voz firme e heróica “Tudo bem, meu amor, vamos ver o filme”, mas nhé! Rimos muito do meu medo.

Medo é assim, a gente coloca ele debaixo do braço e vai negociando o próximo passo.

Temos medo de tantas coisas… O meu maior medo sempre foi do não. “quer namorar comigo? ” “NÃO!!!”

Isso nunca aconteceu, nunca pedi para namorar ninguém. Quando vi tinha acontecido. Agora não tenho mais medo, mas quer saber? Se eu voltasse no tempo não diria isso para o jovem eu. É inútil dizer para não ter medo, talvez pudesse até dizer para ter coragem, mas ela é o tipo de coisa que a gente desenvolve, não ganha dos outros. Eu teria dito exatamente o que o velho chofer que encontrei na Colortel disse.

Eu já disse o que ele disse? Não, né? Pois o caso é que ele não disse nada. Ele só conversou comigo. Conversar com os outros, tô aprendendo apenas agora, é uma das coisas mais legais que podemos dar e receber. Atenção…

Muitas vezes atenção é tudo que uma pessoa precisa. Saber que os outros percebem que ela está ali, que ela tem valor não pelas histórias que viveu, mas simplesmente pelo que ela tem de mais natural como empatia, carisma às vezes, alguns conhecimentos que podem ser inúteis, mas são divertidos, emocionantes ou interessantes.

– Se eu fosse ver apenas três filmes do Oscar, que filmes você sugeriria?

Perguntei para a amiga lá no começo da história, antes de ter a notícia de que o Nimoy não tuitaria mais. Ela sabe de 366 filmes e muito mais e sabe fazer uma crítica.

Hotel Budapeste, Birdman e… Em terceiro lugar vieram vários outros. Um filme puxa o outro e vemos como o cinema alimenta o fogo das nossas vidas. Não se trata de fugir da realidade e sim de ver tantos outros aspectos dela que não dá para vivermos sozinhos… Bem, não sem uma enorme dose de coragem e de poucos laços (como uma mãe, um pai, um filho que precisa da nossa presença) para largar tudo e ir viver tudo o mais que há para ser vivido.

Não vi nenhum filme do Oscar. Não vi nenhum filme.

Como essas coisas acontecem na vida da gente, né? E aí alguém morre, alguém importante para nós, próximo ou distante, e percebemos que tem momentos que a gente não devia desperdiçar, e aí desperdiçamos.

A gente não está em uma nave espacial viajando pelo Cosmos em busca das fronteiras do conhecimento… Não?

É claro que todos temos nossas tarefas. O taifeiro da Enterprise tem o jantar para fazer (tá, a comida é sintetizada, mas tem a Whoopi Goldberg que cuida do bar) e sobra menos tempo para olhar pela escotilha e saber o que as equipes de exploração estão fazendo, mas foi com Jornada nas Estrelas (e com o Nimoy que me parece que nunca deixou de olhar pela escotilha) que aprendi que a Terra é uma nave e que a ciência está ao alcance de todos nós explicando uns mistérios e criando outros novos todo dia!

Todos nós somos pessoas indo onde nenhuma outra pessoa jamais esteve e, o melhor de tudo, vamos com uma equipe multidisciplinar de amigos que podem até ter um Gollum ou um Boromir de vez em quando. Pode ser que nossas missões não sejam tão ousadas, mas a ousadia não é mais nobre que a empatia, nem de perto.

A maior aventura humana é o mergulho um no outro, a descoberta da confiança, o desenvolvimento do trabalho em grupo.

É verdade, os amigos muitas vezes vão mudando. Uns se mudam, outros mudam, às vezes a gente é que deixa de mudar e os laços vão se enfraquecendo ou se estendendo deixando o outro láaaaa longe e aí tem os amigos com quem já não nos sentimos mais à vontade e tem aqueles que ficamos décadas sem ver, mas o reencontro restabelece a intimidade instantaneamente.

É meio triste a gente não poder manter todos os amigos especiais ao longo da vida, né? Descobrir um jeito de mudarmos juntos e na mesma direção e ficarmos sempre juntos. Não dá… Nosso coração tem espaço para dezenas de amigos, nossa mente também, mas o tempo é estreito… Bem mais estreito que o espaço. E tem aquele amigo que não cruza o santo com o outro e aí complica, não podemos andar com os dois ao mesmo tempo.

Aí eu dou uns pulinhos durante o dia para ver notícias sobre o Nimoy e as lágrimas correm novamente…

A gente não perdeu o Leonard, ele viverá para sempre em cada lição que nos ajudou a aprender. LLAP

Vlog

O Processo Criativo

Impossível não escrever para Leonard Nimoy. Durante o conto creio que ficará claro por quê.

Estava em um restaurante ontem, eram umas 15h, com minha esposa e uma amiga que leu a notícia no celular… Chorei em público… Pelo menos não solucei. Em parte porque estava acompanhado das pessoas certas que souberam me ajudar a lidar com a emoção.

Bem, vou direto ao conto, acho que não preciso pensar muito pois será bem auto-biográfico. Só não sei exatamente que histórias virão e de que forma, mas creio que ficará claro mesmo sem grande planejamentos prévio.