Vamos reconhecer: Não escrevemos mais em rochas ou em papiro. Não fazemos mais livros à mão e quem tem menos de 15 anos muitas vezes não sabe o que é uma fita K7 ou VHS.

O papel e tinta vai acabar. Isso é indiscutível. E a cada dia fica mais claro que será muito em breve e por isso evitarei discutir agora os livros na era digital.

No entanto algumas das limitações dos livros de papel os tornam úteis e, até mesmo um defensor do livro digital como eu, deve pensar em preservar:

  • Temos que treinar nossa linearidade e livros digitais são hiper textuais
  • Percorrer com os olhos prateleiras de livros tem algo do labirinto de Borges em Aleph. Tem uma dimensão lúdica no papel que será inevitavelmente diferente no digital

Apesar disso a imposição memética matará em breve o livro de papel e tinta para assim liberar seus conteúdos para fluírem livremente por um número muito maior de mentes.

Certo disso, e lamentando pelo universo lúdico antigo que não sobreviverá no novo digitolódico, tenho refletido longamente e hoje fui recompensado com um insight que passo a compartilhar.

Podemos levar as livrarias modernas um passo adiante aumentando seus espaços de leitura e movendo sua fonte de lucro para outros serviços.

Os livros de papel poderiam ficar disponíveis para leitura gratuita para todos que consumissem cafés, bolos, sanduíches.

Poderiam haver espaços de leitura interativa para as pessoas dispostas a comparar e conversar sobre os livros que estão lendo.

Cada um desses centros de leitura poderia ter duas ou três salas para falas, debates e encontros. Alguns pagos, outros gratuitos.

Uma das grandes limitações dos livros de papel que não consigo ver como vantagem é seu caráter solitário e antissociável. E isso seria praticamente eliminado em espaços de leitura onde as pessoas naturalmente se interessariam umas pelas outras quando não estivessem lendo.

Esse é apenas um rascunho de uma proposta, mas livrarias e editoras devem começar a pensar em alternativas como essas imediatamente pois o mercado editorial certamente é o próximo passo na digitalização da humanidade.