Antes de mais nada: pode ler o post pois não entregarei nada que atrapalhe o prazer de ver o filme.

2012 aproveita a suposta profecia Maia (uma das únicas civilizações que provavelmente se extinguiu por ter esgotado seus recursos naturais) de que o mundo terminaria em 21/12/2012 (por que não 12/12/2012?) para elaborar mais um filme catástrofe na longa linha que vem desde Terremoto até os mais recentes Impacto Profundo, O Dia depois de Amanhã  e Presságio.

No entanto há muitas coisas interessantes a destacar no filme.

Até pouco tempo o cinema catástrofe se resumia a inventar uma desculpa (geralmente esfarrapada) para uma série de desastres que os mocinhos teriam que driblar até que tudo voltasse ao normal.

A fórmula básica não mudou, no entanto há coisas que não existiam antes, pelo menos não tão claramente.

  • Há um claro reconhecimento que nossa espécie é extremamente vulnerável e que poderia facilmente se extinguir
  • Desde Impacto Profundo essa modalidade de ficção nos pergunta: quem nossa civilização procuraria salvar (Ok, não vou esquecer Dr. Fantástico) 

Do ponto de vista de lazer 2012 vale pelos primeiros 40 minutos, o meio e o fim não são nem animados, nem suficientemente questionadores, no entanto ainda assim achei que valia a pena escrever sobre ele.

Uma amiga ficou revoltada porque o mundo não vai acabar daquele jeito (err… alguém está achando que vai acabar de alguma forma?) e outro se perguntou se as pessoas agiriam do jeito que agem no filme.

Gente… É um filme pipoca, não é nem documentário, muito menos tratado antropológico.

O que há de interessante para observar nesses filmes são as questões básicas da moral e dos nossos medos intuitivos que tornam o filme um sucesso ou atraente para o espectador.

E nesse sentido creio que, a cada novo filme catástrofe que é lançado as questões que estão nas entrelinhas são:

  • Será que não é hora de pensarmos em modos de preservar nossa espécie dos riscos naturais? Será que não está na hora de nos lançarmos ao espaço para o caso de algo terrível acontecer na Terra?
  • Qual é a essência da nossa espécie? Somente o caldeirão genético ou também nossa produção artística e cultural?
  • Cataclismos naturais (lembram do Tsunami de 2004?) e artificiais (15 milhões de crianças morrem de fome por ano) já estão exterminando milhões de vidas, será que, em nosso estágio atual nossa civilização trabalharia em conjunto para salvar a nossa espécie ou trabalharia em segredo para salvar um punhado de ricos?

Nada acontecerá em dezembro de 2012, mas me arrisco a dizer que, a cada dia, filme tolo a filme tolo, estamos construindo uma nova consciência a respeito da nossa fragilidade e da nossa moral.

A Terra talvez experimente profundas transformações climáticas nos próximos 30 ou 40 anos e o que estamos fazendo a respeito disso? Estamos mobilizados para garantir que o máximo de humanos e outros terráqueos sobrevivam e se adaptem? Estamos fazendo algum esforço substancial para impedir (o que acho praticamente impossível) as mudanças climáticas ou para nos prepararmos para elas?

Dificilmente.

Se qualquer um desses filmes se mostrasse real e nosso planeta passasse por transformações tão rápidas somente uma minoria de poderosos sobreviveria e provavelmente se mataria logo depois na disputa pelos parcos recursos.

É essa a civilização que desejamos construir?

Felizmente o mundo não acabará tão cedo e ainda há tempo para mudar o que realmente pode alterar nosso mundo: nossa consciência.

Cada uma das nossas vozes individuais é sagrada

pois cada voz nos enriquece e toda voz perdida nos diminui

Somos a voz da humanidade, a consciência do Universo

A chama que ilumina o caminho para um futuro melhor

“Nós somos um”