Teatro do planetário da Gávea, um inverno como agora, uma noite fria, as pessoas bem agasalhadas ao redor do palco com apenas um som desses portáteis, uma mesa e vários CDs espalhados. Era o começo do espetáculo Qual é a Música de Paula Águas, uma das melhores bailarinas contemporâneas que  eu conheço.

Aliás, a dança contemporânea é uma das muitas artes desprezadas atualmente. Não entendo o que nos leva a desprezar formas de arte.

Meu pai não gostava de música (hoje até que aprendeu), literatura ou artes plásticas. Bem, era um militar nos tempos da ditadura, dá para entender.

Entendo que alguém não goste de clássico ou de techno, da pintura expressionista ou da moderna, mas não gostar de PINTURA e ponto? Não entendo!

Arte é uma chance única de ter prazer ao mesmo tempo que nos desenvolvemos. É, arte é um prazer diferente.

Não faltam prazeres que nos fazem sentir muito bem, mas não significam nada em nossas vidas.

A Paula Águas nos dá uma boa oportunidade para descobrir o prazer de assistir dança contemporânea. É como aprender a ler com o Veríssimo: É fácil de ler, mas não é bobo ou vazio.

Naquele dia lá no teatro no planetário entrou uma moça pequena no palco, olhou para a platéia e explicou as regras do jogo.

Eu vou colocar um CD e vou começar a dançar. Tem vários CDs aqui e vocês podem vir a qq momento e trocar o CD. Vocês também podem colocar um CD que vocês tenham trazido. Para tirar o CD que está tocando aperte aqui, para dar play aperte aqui.

O que segue sé vendo. A capacidade que ela tem para criar coreografias belas e que se encaixem bem nas músicas é ímpar e quem nunca assistiu um espetáculo de dança contemporânea com certeza se surpreende ao notar que não se parece com nada que ele (ou ela) imaginou.

Acontece que, se você estiver no Rio por esses dias, você poderá conferir dois trabalhos dela no Sérgio Porto, um é esse mesmo que eu descrevi acima, o Qual é a Música e o outro (que ainda não assisti) é DAMA + Caminho Aberto (creio que são dois mixados em um). Temporada de 18/7 a 3/8.